VIAGENS…VINHOS… HISTÓRIA – PINTO BANDEIRA, Rio Grande do Sul
05 dez 2017 às 18h11
PINTO BANDEIRA, Rio Grande do Sul
Fica muito próximo de Bento Gonçalves e Garibaldi, e tem se tornado uma importante região de produção de vinhos e principalmente espumantes. Como fica tudo relativamente perto, você pode se hospedar nos diversos hotéis de toda a região. Nesta última viagem, como eu pretendia circular muito de carro pela região, optei por me hospedar no Castello Benvenutti, às margens da Rodovia 470, entre Garibaldi e Bento Gonçalves, muito próximo da entrada do Vale dos Vinhedos. A vinícola Don Giovanni em Pinto Bandeira tem uma ótima pousada, que requer reserva com antecedência. São poucos quartos e é bem procurada. É muito bonita, totalmente arborizada, com rios, cachoeiras e muitos vinhedos.
Até 31 de Dezembro de 2012 era um distrito de Bento Gonçalves. Tornou-se oficialmente município em 1º de Janeiro de 2013. A altitude de Pinto Bandeira, 800 metros é praticamente o dobro do Vale dos Vinhedos. Os terroirs também são muito semelhantes. Eu acredito que, há mais morros e menos regiões planas. Com isto, o sol beneficia mais as encostas nas faces norte. Algumas vinícolas têm seus vinhedos nas faces norte, mantêm as matas nas faces sul, tornando a região um pouco mais úmida. As castas de uvas plantadas são as mesmas utilizadas no Vale dos Vinhedos e toda a região.
Visita às Vinícolas Na minha programação dediquei um dia inteiro para visitar Pinto Bandeira. Escolhi algumas vinícolas que considerei importantes. Por serem relativamente diferentes em suas origens e organizações proporcionam uma imagem da diversidade da região. DON GIOVANNI É uma vinícola e pousada. Está a 12 quilômetros do centro de Bento Gonçalves. Um Pouco de História Em 1827 chegou ao Brasil o imigrante italiano Karl Dreher. Um de seus filhos, Carlos Dreher Filho, em 1910 iniciou no porão de sua casa, em Bento Gonçalves, a produção de vinhos tintos. Depois de uma viagem à Europa, com conhecimentos adquiridos iniciou e tornou-se um dos pioneiros na produção do vinho branco na região. Em 1950 surgiu o famoso Conhaque Dreher, produzido a partir da destilação do vinho. Em 1970 a transmissão pela TV da Copa do Mundo do México, em que o Brasil se sagrou Tricampeão do Mundo, teve o patrocínio do Conhaque Dreher – “De pai para filho, desde 1910!” Em 1973, já com a proibição de utilização da denominação de origem controlada Cognac, a empresa foi vendida para a americana Heublin, que comprou também na mesma época a Drury’s e a Old Eight. O local onde hoje está instalada a Don Giovanni era um centro de experimentação e desenvolvimento de uvas viníferas e vinificação. Em 1980 D. Beatriz Dreher Giovannini e seu esposo Ayrton Giovannini recompraram a propriedade e transformaram em um lugar de veraneio. Estavam ali lembranças de sua infância.
Algum tempo depois decidiram voltar a produzir vinhos. Reformaram toda a propriedade e transformaram a casa principal em uma pousada. No entorno da casa estão ainda os vinhedos de 60 anos, de uvas americanas, utilizadas na produção do Conhaque Dreher. D. Beatriz recuperou a receita antiga de família, e voltou a produzir com as mesmas uvas, um brandy excepcional, que pode ser degustado na visita à vinícola. Visita e Degustação Em nossa visita fomos muito bem recebidos pela enóloga Giulia Trucolo Martinelli. A pousada mantém a decoração tradicional. Todos os ambientes, inclusive os quartos são de muito bom gosto. O lugar privilegia a tranquilidade e a convivência entre os hóspedes.
A degustação foi feita em um amplo e lindo salão. O lendário brandy Dreher pode também ser degustado durante a visita.
Vindo a Pinto Bandeira, a Don Giovanni é uma visita obrigatória, pelos vinhos, pelos espumantes, pela história. VINÍCOLA GEISSE Seus espumantes estão sendo considerados entre os melhores do Brasil, neste momento. Recentemente em uma avaliação de especialistas em São Paulo, tiveram três de seus espumantes classificados entre os 10 melhores, sendo um deles o 1º colocado. Em 1976 o enólogo chileno Mario Geisse recebeu a missão de implantar a Möet et Chandon em Garibaldi. Em pouco tempo os espumantes da Möet et Chadon passaram a ser reconhecidos como de ótima qualidade e proporcionaram um reconhecimento dos consumidores. Durante todo tempo que esteve à frente da Möet et Chandon, Mario Giesse continuou seu trabalho de pesquisas e estudos dos terroirs. Era muito comum vê-lo embrenhar-se pelas matas da regiãoconhecida como Vinhedos da Montanha, para analisar os solos e a qualidade dos nutrientes. Foi em uma destas pesquisas que descobriu uma região em Pinto Bandeira que considerou muito especial, uma boa altitude de 800 metros, solo de argila e pedras, subsolo com uma ótima drenagem e infiltração, amplitude térmica e posição solar ideal. Foi quando decidiu montar sua própria vinícola. Ele percebeu que naquele lugar conseguiria uvas de muita qualidade para fazer osespumantes. Não foi fácil a negociação com os antigos proprietários. Estavam lá há várias gerações. O que decidiu foi que, os descendentes não tinham na verdade uma vocação para o campo.
Optou pelas castas Chardonnay e Pinot Noir para os espumantes e Cabernet Sauvignon e Carménère para os tintos. Plantou todos seus vinhedos nas faces nortes, no sistema de espaldeiras. Em pouco tempo, os espumantes Geisse adquiriram o reconhecimento dos consumidores brasileiros. Mario Geisse recebeu a Honra ao Mérito da Vitivinícola do Chile, e o reconhecimento como o enólogo mais premiado do Chile neste século. Visita e Degustação Fizemos a reserva pelo e-mail turismo@vinicolageisse.com.br Visita & Degustação: passeio tradicional pelas instalações, com a guia contando a história, falando da produção, das características e especificidades do espumante Geisse, terminando na degustação. Geisse Experience: Em um veículo 4×4, com um guia fazendo as narrações, percorrem os vinhedos, antigas trilhas, as matas e terminam com a degustação na beira de cachoeira. Open Lounge: é um espaço aberto, muito bonito, como um bar, para que os visitantes possam curtir e apreciar as bebidas, ao ar livre.
Fizemos o tour regular e depois fomos muito bem recepcionados pelo Diretor de Marketing Daniel Geisse. Uma das diferenças na qualidade é que, em função do terroir, todos vinhedos são plantados nas faces nortes, em uma posição solar ideal, a uva é colhida madura e mantém um grau de acidez perfeito para a produção do espumante. Falamos também sobre o reconhecimento que os espumantes Geisse estão conquistando em todo Brasil. É fruto de um trabalho profissional e competente de marketing e distribuição.
Principais Espumantes e Tintos Os espumantes são identificados nos rótulos, visualmente ótimos, pela marca Cave Geisse. As castas utilizadas são para os espumantes Chardonnay e Pinot Noir, e para os tintos Cabernet Sauvignon e Carménère. O nome que dão aos espumantes são bem criativos. O site é www.cavegeisse.com.br Vinícola Valmarino Todas as vinícolas em Pinto Bandeira ficam muito próximas. O contato para visitar a Valmarino foi feito através do site www.vinicolavalmarino.com.br, e pelo telefone (54) 3455 7474. O imigrante italiano Antonio Domenico Salton, oriundo da cidade Cison de Valmarino, da região de Treviso, na Itália, chegou ao Brasil em 1878 e foi um dos pioneiros no plantio da uva e produção de vinho na Colônia Dona Izabel, hoje Bento Gonçalves. Seus vinhedos cobrem hoje 16 hectares. Tem suas produções focadas em vinhos tintos, brancos, moscatel e espumantes. Como grande parte dos produtores de vinhos de Bento Gonçalves e Garibaldi, plantam e produzem vinhos, monocasta e blends, com uma variedade grande de castas. É o conceito de que o brasileiro bebe a uva e não o vinho. Com isto é estratégico oferecer mais opções para seus consumidores. Visita e Degustação Na visita fomos recebidos e ciceroneados pelo agrônomo e enólogo Marco Antonio Salton. Perguntei também sobre a preferência de utilizar parreirais ao invés de espaldeiras. Aprendi também que o mato, a vegetação embaixo dos parreirais, além de dar um equilíbrio nas condições do solo, objetiva criar uma concorrência com a videira na captação da água.
Degustamos vários tintos, Sangiovese Cabernet Franc, Tannat, Cabernet Sauvignon. Depois experimentamos alguns espumantes produzidos com Chardonnay. Como são muito próximas, é muito fácil programar e visitar estas três vinícolas no mesmo dia.
No caminho entre as vinícolas na Linha 28, próximo da igrejinha há o Empório Castellamare. Na programação de sua viagem para o Vale dos Vinhedos, Garibaldi, Bento Gonçalves, Caminhos de Pedra, coloque um tempo para Pinto Bandeira.
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