SOBRE UVAS, VINHOS E HISTÓRIA… COLCHAGUA… SANTIAGO… CHILE

15 dez 2015 às 14h15

Aproveitamos o feriado prolongado de 20 de novembro e fomos ao Chile, para trazer mais informações para o livro.

PRIMEIROS VINHOS

Os primeiros contatos que tivemos com os vinhos chilenos foram através da Concha y Toro e Santa Helena.
A partir do ano 2000, começaram a chegar vinhos de novos produtores, com mais qualidade e sofisticação.
Os vinhos do Chile foram sempre relacionados com a qualidade e o bom preço.

O primeiro vinho chileno a ganhar uma medalha de ouro e reconhecimento internacional foi um Santa Carolina, levado pelo proprietário e o enólogo francês para uma prova cega na Feira Mundial de Paris de 1889.

Cem anos depois, em 1989 um Concha y Toro foi considerado um dos melhores vinho do ano.

Mais recentemente, o ClosApalta, da Lapostolle, foi eleito melhor vinho do ano pela Wine Spectator.

Em 2014, o Don Melchor, da Concha y Toro, obteve um honroso 9º lugar.

“Eu gosto do vinho…porque o vinho é bom… mas quando a água brota, da mãe terra, pura e cristalina… eu gosto mais do vinho” Tito Fernadez

UM POUCO DE HISTÓRIA

Em Sabrosa, no norte de Portugal, na casa onde nasceu Fernão de Magalhães há uma placa do Governo Chileno, reconhecendo que ele foi o primeiro europeu a pisar no Chile.

Antes da chegada dos espanhóis, o Chile era habitado por Incas e Mapuches.
Os Incas dominavam uma boa parte de toda a região oeste da América do Sul, desde a Venezuela até Santiago.
A convivência entre eles era relativamente pacífica, principalmente porque os Incas dominavam conhecimentos que faziam deles uma civilização especial.

Quando os espanhóis chegaram com suas armaduras e armas, os Incas pensaram que eles eram Deuses e de alguma maneira isso facilitou a dominação.

Foram os jesuítas que trouxeram e plantaram as primeiras mudas de uvas, para fazer o vinho utilizado nas cerimônias religiosas.
Alguns historiadores dizem que, como o Chile não tinha ouro e prata, a produção de vinho era importante para os espanhóis.

GRITOS DE LIBERDADE

A partir de 1806, motivados pelos movimentos de liberdade vindos da França, países da América do Sul iniciaram revoluções por suas independências.
O primeiro líder a tentar foi o venezuelano Francisco de Miranda, e as vitórias vieram com seus discípulos e seguidores, San Martin na Argentina, Bernardo O’Higgins no Chile e Simon Bolívar na Venezuela.

No Chile, a revolução liderada por Bernardo O’Higgins contava com a união de chilenos, criollos, descendentes de espanhóis nascidos no Chile, e índios mapuches.
Na primeira tentativa foram derrotados em Rancagua, ao sul de Santiago.

Bernardo O’Higgins atravessa os Andes e vai ao encontro de San Martin em Mendoza.
A Argentina já estava independente e San Martin decide levar seu exército para ajudar os chilenos.
Os espanhóis são finalmente derrotados na Batalha de Maipú, nos arredores de Santiago.
San Martin
declina o convite para assumir o governo do Chile, em favor de Bernardo O’Higgins, e segue para libertar o Peru.
San Martin
era mais um líder de formação militar que político.

Conta a história que após libertar o Peru, recebeu a visita de Simon Bolívar com sonhos de criar um país único, a GranColombia, que juntasse Venezuela, Peru, Equador, Bolívia e Colômbia, e que ele pudesse governar.

San Martin considera sua missão cumprida e inicia sua volta a Buenos Aires.
No entanto, ao chegar a Mendoza é recebido por uma comissão de políticos que pedem que não regresse, pois a República está consolidada e sua volta poderia causar problemas.
Pensando mais no país que ele ajudou a libertar, decide seguir então para França, e nunca mais regressa à Argentina.

Os sonhos bolivarianos de Simon Bolívar não se realizam, porque cada um destes países já havia desenvolvido sua própria cultura, identidade e principalmente seus próprios líderes.

Bernardo O’Higgins governou o Chile por alguns anos e foi substituído naturalmente nas eleições que se sucederam.

AS PRIMEIRAS MUDAS

As mudas de uva de castas francesas chegaram ao Chile em 1850, através do porto de Valparaíso, trazidas por uma nova elite, que havia se desenvolvida no Chile.
São estas pessoas que iniciam a plantação dos vinhedos e a produção de vinhos, no fim do Século XIX.

No início do Século XX, durante a Primeira Guerra Mundial, a descoberta de minas de salitre e carvão aquece a economia chilena.
O salitre era utilizado para a produção de explosivos, e o carvão para energia.

Foi nesta época que, com a ajuda dos ingleses, interessados no salitre,o Chile se apossa de uma grande parte de territórios que pertenciam à Bolívia e ao Peru.
A disputa provocou a Guerra do Pacífico, ganha pelo Chile com a ajuda militar da Inglaterra.
Ainda hoje, Bolívia e Peru tentam nas Cortes Internacionais recuperar suas terras.

Durante a Guerra do Pacífico, a Argentina também discutia e negociava com o Chile territórios na Patagônia.
Focados que estavam na produção de salitre e pensando que na Patagônia só havia gelo, o Chile abriu mãos de parte de seus territórios.
Hoje, o salitre foi substituído pelo sintético, e não vale mais nada. E na Patagônia os argentinos encontraram reservas de petróleo.

A PRODUÇÃO DE VINHO

No início do Século XX, os novos ricos, muitos deles oriundos da produção do salitre e das minas de carvão, para serem aceitos pela elite, tinham de ter uma vinícola, produzir vinhos no Vale do Rio Maipo e ter uma mansão em Valparaíso.

Até os anos 70, a produção de vinho era mais para consumo local, com poucas exportações.

Com o aumento do consumo de vinho em todo o mundo, as novas gerações iniciaram uma produção regular, visando principalmente ao mercado internacional.

Empresários europeus e negociantes aproveitaram condições financeiras favoráveis e investiram no Chile.

Em 1988, Eric de Rothschild, importante produtor de uvas de Bordeaux na França, resolve expandir seus negócios. Busca opções na África do Sul e Austrália, mas encontra as condições mais favoráveis no Chile, na região do Colchagua.
Encontra uma grande propriedade, com vinhedos do século XVI, em que os proprietários Bascos de origem estão em um momento de divisão da propriedade pelos herdeiros.
Ele faz uma proposta muito atraente e consegue convencer a todos.
Como reconhecimento aos antigos proprietários, dá o nome à vinícola de Los Vascos.

A partir daí, vários outros empresários e produtores investem fortemente nesta área, o que torna a região de Colchagua, o vale do Rio Tinguiririca, uma das mais importantes do país.

Vinhedos da região

ÁREAS DE PRODUÇÃO DE VINHOS

Há varias áreas de produção de vinhos no Chile, mas as mais importantes são Vale do Rio Maipo, nos arredores de Santiago, Casablanca, Aconcágua e Colchagua.

No Vale de Maipo, estão as vinícolas que foram criadas no fim do Século XIX e início do Século XX, que na época tinham função mais de inclusão social e certo modismo.
No fim do Século XX, grande parte da economia do país é calcada na produção agrícola.
O Chile torna-se um dos maiores exportadores de frutas.
A partir dos anos 70, com o crescimento do consumo de vinhos em todo o mundo, as vinícolas do Vale de Maipo começam a investir e a produzir em larga escala.

No Vale de Maipo, estão localizadas a Santa Carolina, Undurraga, Cousino Macul, Perez Cruz, Santa Rita, de Martino, Concha y Toro e outras.
Todas muito conhecidas de nós brasileiros.
Por ser uma região de muito sol e calor é propícia à produção do vinho tinto.
O solo é de argila, calcário e pedras.
Em alguns vinhedos, nas partes mais baixas, onde havia riachos, há argila com pedregulhos.

A REGIÃO DE CASA BLANCA

Casablanca fica a noroeste de Santiago, em uma região um pouco mais alta, solo arenoso, com uma brisa úmida constante vinda do mar e propícia à produção do vinho branco e espumante.

Um grande número de vinícolas com suas produções de vinhos tinto em outros lugares tem vinhedos e produção de vinho branco em Casablanca.

tours regulares diretos de Santiago.

REGIÃO DE ACONCÁGUA

Esta região fica a nordeste de Santiago, relativamente próximo ao início da Cordilheira dos Andes, e pelo seu terroir, mais propício aos vinhos tintos.

Em Aconcágua estão as vinícolas, Sanchez y Loria, Mendoza, Monasterio, San Esteban, El Almendral, Martel e a mais importante, Viña Errazuriz.

De Santiago há um tour para visitar especificamente esta vinícola, que inclui degustação de vinhos e almoço no local.

É uma região muito bonita, principalmente pela proximidade da Cordilheira dos Andes.

REGIÃO DE COLCHAGUA

Para mim, a mais bonita e completa.
Santa Cruz
é a cidade principal e que tem ao seu redor uma quantidade enorme de vinhedos e vinícolas.

Ali estão Lapostolle, Montes, Viu Manent, Ventisquero, MontGrass, Siegel, Laura Hartwig, Los Vascos, La Estampa, Santa Cruz e outras.

Santa Cruz é uma cidade pequena, com muitas opções de hotéis, de todos os níveis, pousadas e agroturismo.
O mesmo em relação a restaurantes, há muitas opções, inclusive nas vinícolas.

Por ser uma cidade pequena é muito fácil entrar, sair e circular de carro, pelas estradas e vinhedos.
É uma região com bastante sol, e propícia à produção do vinho tinto.

O Vale de Colchagua é plano, com um solo de argila, calcário, pedras e pedregulhos.
Em alguns lugares mais baixos, o solo é úmido e não requer muita irrigação.

Mapa da região Colchagua-Montes

PROTEÇÃO NATURAL CONTRA PRAGAS

O Chile é um país naturalmente protegido contra a entrada de pragas.
Do lado leste, está a Cordilheira dos Andes, a oeste o mar, ao norte o Deserto de Atacama, e ao sul a Patagônia.
Uma proteção natural.
A produção agrícola – frutas, vinhos, uvas, quinoa, cereais em geral – é muito importante na cesta de produtos de exportação.
O controle de entrada de produtos e pessoas pelos portos, aeroportos e fronteiras terrestres é muito rígido.
Uma recomendação é não levar, de maneira alguma, alimentos ou produtos in natura.
No aeroporto, todas as malas passam obrigatoriamente pelo raio x.
Além de reterem, há a possibilidade de uma multa muito alta.

CASTAS DAS UVAS

Das mudas francesas que chegaram em 1850, e que se deram melhor com os terroirs chilenos, foram Cabernet Sauvignon, Carménère, Merlot, Malbec e Syrah.

Os chilenos produzem muitos vinhos monocasta e alguns blends com uma ou duas castas mais.

No Brasil, é mais relacionado com as castas Cabernet Sauvignon e Carménère.

Em um texto sobre a Filoxera, contei sobre a redescoberta da casta carménère pelo engenheiro em genética, o francês Jean Michel Boursiquot, em 1994, na Viña del Carmen.

A maioria das vinícolas do Chile produz hoje uma grande quantidade de seus vinhos com a uva carménère.

Merlot, Syrah e Malbec também são muito utilizadas.

Malbec é mais reconhecida pelo vinho produzido em Mendoza, na Argentina.

Em Santa Cruz, a Viu Manent,como estratégia de negócio, estabeleceu a casta Malbec para seus vinhos top.
Quando da minha visita, comentei que no Brasil, quando alguém escolhe um Malbec, prefere um argentino.
Eles discordaram e disseram que a estratégia a nível mundial está dando certo.

Castas das Uvas: Malbec Syrah

Cabernet Sauvignon Carménère

CLASSIFICAÇÃO DOS VINHOS

Não há uma classificação determinada e regiões demarcadas.
Cada vinícola classifica seus vinhos como lhe convém.
Quando falam do vinho, normalmente utilizam os termos Icono e Premium para se referirem aos tops de linha.
Na maioria das vezes, o vinho é identificado na etiqueta da garrafa pelas castas Merlot, Carménère, Cabernet Sauvignon, etc.
Geralmente são os vinhos jovens que vão praticamente direto dos tanques de inox para as garrafas e para o mercado.
Eu sempre digo que é o vinho do Cash Flow.
Este vinho não é preciso decantar e o ideal é beber em até três anos.

Quando fica um tempo nas barricas de carvalho, na etiqueta vai aparecer a casta e a classificação de Reserva, Grande Reserva ou Reserva Especial.
Algumas vinícolas usam ainda a classificação Reserva de Família.
Para os vinhos top não há uma regra. Cada uma utiliza sua estratégia de marketing.


Clos de Apalta
, da Lapostolle, que já chegou a ser eleito o melhor vinho do mundo, utiliza a etiqueta em inglês, com o destaque Limited Release.

Don Melchor, da Concha y Toro, eleito o 9º melhor vinho do mundo em 2014, utiliza, também, etiqueta em inglês e o destaque Vinhedo Puento Alto.

La Cruz, top de linha da La Estampa,e outras utilizam Limited Edition ou Edition Limitada, dependendo se a etiqueta é em inglês ou espanhol.

Os melhores vinhos estão sempre sendo focados para o mercado internacional, por isso têm as etiquetas em inglês.

PROGRAMAÇÃO DE VIAGEM– SANTIAGO

Muitos brasileiros têm ido ao Chile.
A grande maioria vai direto para Santiago, curtem a cidade e aproveitam para conhecer as vinícolas no Vale de Rio Maipo.

Em uma das visitas que fiz á Viña Undurraga, éramos um grupo de 17 pessoas no tour.
Antes de começar, o guia disse:
“Vamos saber de onde todos vieram…quem não veio do Brasil?”
Só duas pessoas levantaram a mão.
Em todas as outras vinícolas que fui, havia muitos brasileiros.

Há muitas opções de tours e agentes de turismo especializados no Chile.
A programação da viagem vai depender dos interesses, dos objetivos de cada um.
tours, hotéis, restaurantes para todos os gostos e bolsos.

Na maioria das vezes, os turistas vão para um hotel no centro da cidade, e pela manhã saem para visitar as vinícolas.
Santiago é uma cidade de 9 milhões de habitantes, e somando o entorno totaliza 12 milhões.
Para sair da cidade leva no mínimo uma hora e meia.
Na volta, leva um pouco mais, porque coincide com a hora do rush.
Dependendo da programação, do trânsito, dá para visitar três vinícolas em um dia.
Minha sugestão é que, se possível, tente programar vinícolas relativamente próximas uma das outras, para ganhar tempo na circulação.
Senão, você vai ficar mais tempo dentro do carro do que nas vinícolas.

Por exemplo, as vinícolas Peres Cruz, Cousino Macul, Santa Rita (Vinã Carmen),Concha y Toroe de Martino ficam relativamente próximas.
Concha y Toro e Santa Rita
têm restaurantes.
Se programar bem, dá para visitar mais vinícolas e ainda almoçar.

Muitos viajam em pacotes fechados, aí fica mais difícil programar.
Neste caso, é curtir o que o pacote oferece.

Vinhedos da região

HOTÉIS

Santiago tem várias opções de hotéis.
Depende muito da sua programação e bolso.
Normalmente, a agente de turismo que está fechando sua viagem pode lhe recomendar.
Eu tenho por norma consultar depoimentos no Trip Advisor.

Se puder escolher, busque um hotel no bairro da Providência, próximo do centro.
Há vários, com preços para todos os bolsos.
É uma região super movimentada com lojas, boutiques, restaurantes, bares e um movimento grande nas calçadas.

Ao lado, o bairro Las Condes, bem arborizado, é um mistura de prédios e flats residenciais, escritórios de alto nível, hotéis um pouco mais caros, restaurantes, movimento tranquilo nas ruas e calçadas.
Lembra um pouco os Jardins em São Paulo.

Muitos destes hotéis fazem programação de visitas às vinícolas.
A agente de turismo pode também fazer isso para você.
Ou então, você mesmo faz a programação quando chegar ao hotel.

PROGRAMAÇÃO DE VIAGEM – SANTA CRUZ, COLCHAGUA

Santa Cruz fica a 180 quilômetros de Santiago, e o ideal é alugar um carro para melhor se locomover pela região.
De Santiago a Santa Cruz leva no máximo três horas.

Há várias opções de hotéis de vários níveis, pousadas e agroturismo.
Há hotéis com chalés em formato de barril, formato de iglu, rústicos, modernos.
Há hotéis para todos os gostos e bolsos.
Todos fazem programações de visitas às vinícolas, se solicitados.

Estão muito bem preparados e focados no turismo.
De uma maneira geral, o nível de serviços e atendimentos é acima do esperado.
Santa Cruz
tem também uma boa oferta de restaurantes.

O Museu Histórico é comparável a museus europeus.
Recomendo fortemente visitar. Vale a pena dedicar no mínimo duas horas.

Museu de Santa Cruz – Sala dos 33 mineiros salvos Museu de Santa Cruz – Mídia Mundial

As vinícolas ficam espalhadas pelos quatro lados da cidade, por isso recomendo que ao programar as visitas procure escolher aquelas mais próximas umas das outras.
Por exemplo, Lapostolle, Montes, Viu Manent,e Laura Hardwing,ficam todas do lado leste da cidade.
Los Vascos e La Estampa
ficam a oeste, e Santa Cruz fica a noroeste.
Não há estradas interligando as regiões. É preciso sempre passar pela cidade.

O TERREMOTO DE 2010

No dia 27 de fevereiro de 2010, às 3h34, todo o Chile foi surpreendido por um terremoto de magnitude 8.8, que durou quatro minutos e causou muitos danos.
Segundo especialistas, o eixo da Terra deslocou 8 centímetros.
723 pessoas morreram e muitas casas e prédios foram destruídos.

O terremoto causou danos nas vinícolas, obrigando-as a partir de então a tomar medidas de proteção.

Em Colchagua, várias vinícolas tiveram prédios destruídos, e todo o vinho nos barris e nas garrafas, em fermentação e maturação, perdidos.
La Estampa
teve parte do prédio principal, da administração, destruído.
Várias vinícolas não tiveram vinho para comercializar em 2010.

Em Santiago, aconteceu o mesmo – destruição e perdas.
Muitas vinícolas tiveram de se reconstruir e restaurar.

Na Viña de Martino, na Isla de Maipo, o vinho derramado dos enormes barris correu rua abaixo e formou um rio de vinho, que foi avidamente recolhido pela população mais simples da região.
Segundo contam, eram dezenas de pessoas com latas recolhendo o vinho que corria pela rua.
Neste ano a Viña de Martino não teve vinho para vender.

Santa Carolina acabou de restaurar tudo que foi destruído.

Na Peres Cruz, a perda foi menor, porque o enólogo, pouco tempo antes, havia sugerido que se instalassem suportes móveis para barris e garrafas.
Quando ocorreu o terremoto, já havia sido instalada uma grande parte.
Por isso, a perda foi menor.

Hoje, todas as vinícolas têm seus barris e suas garrafas armazenadas sobre suportes móveis.

PROGRAMAÇÃO DA VIAGEM EM 20 DE NOVEMBRO

Saímos às 7h30, pelo voo da LanTan, que faz Milão-São Paulo- Santiago.
Chegamos por volta das 11 horas e, de carro, três horas depois estávamos em Santa Cruz.

Escolhi o Hotel Boutique Tierra y Vino, localizado quase no centro da cidade, a 200 metros da praça principal e do Museu Histórico.
Simples, confortável, quartos amplos, muito seguro.
O proprietário Enrique Dinem cuida pessoalmente dos hóspedes e dá um atendimento excepcional.
Está presente nas 24 horas do dia, sempre pronto a atender e agradar.

Como recepção, Henrique e sua esposa Veronica Mateluna,nos convidaram para um happy hour na Viña La Estampa.
Um local aberto, muito agradável, um bom vinho, petiscos, com vista para os vinhedos e de frente para o pôr do sol.
Fica como uma sugestão para um fim de tarde, começo de noite em Santa Cruz.

Quando da reserva, solicitei um guia para nos conduzir.
Prefiro que, nas primeiras visitas, alguém nos acompanhe.
Aproveito para fazer perguntas e aprender o caminho.

Com Enrique Dinem – Hotel Tierra y Vino

La Estampa – happy hour La Estampa – por do sol

Visitamos a Lapostolle, Montes, Viu Manent e Los Vascos.

Além da preocupação com a qualidade de seus vinhos, cada vinícola criou uma identidade de imagem e marketing, próprias.

O tour na LAPOSTOLLE começa com uma narrativa histórica e detalhamentos dos vinhedos a partir de um mirante no prédio.
Depois segue para o interior, onde estão as instalações.
O prédio foi construído verticalmente em direção ao subsolo. Os andares estão todos abaixo da terra.
À medida que se desce, vão aparecendo todas as instalações.
A produção segue um sistema de gravidade.
No último subsolo, estão os barris de carvalho e o espaço da degustação, que é belíssimo.
Há um grande elevador para conduzir todos de volta à superfície, onde fica a loja.
Seu vinho top, ClosApalta foi eleito há alguns anos o melhor vinho pela revista Wine Spectator.

Ao lado do prédio, há chalés, cuja reserva requer condições especiais.
O restaurante com vista para os vinhedos é prioritariamente para os hóspedes dos chalés, mas aceitam reservas com muita antecedência, e recomendação.

Lapostolle, com construção subterrânea Sala de degustação- barris de carvalho – Lapostolle

O tour na MONTES começa com um passeio pelos vinhedos,em um pequeno caminhão, até o topo de um morro, onde há um mirante.
De lá tem-se uma visão ampla do vale de Colchagua.
Em seguida a visita às instalações.

Os proprietários da MONTES, quando da reconstrução do prédio, decidiram incluir nos ambientes a filosofia Feng Shui, que se caracteriza pela energização dos espaços.

É um prédio ovalado, baixo, compacto, com uma mistura de pedra, madeira e água.
Tanto externa como internamente, não se vê quinas, esquinas ou cantos.
No centro, há uma grande pedra redonda, dentro de um tanque com água corrente.
No alto, um vidro transparente permite que, ao meio-dia, o sol ilumine a pedra.

Os barris de carvalho, com o vinho em maturação, estão colocados em forma de meia-lua, todos voltados para a pedra central.
Completando o ambiente, cantos gregorianos acalmam e energizam o vinho.

A degustação é feita em uma grande sala envidraçada, com vista para os vinhedos.

O restaurante fica ao ar livre, ao lado.
O atendimento é muito bom, o cardápio sugestivo e preço compatível.
Cabrito ao forno, batatas coradas e um vinho tinto foi uma boa pedida.

Vinhedos de Montes Vinhedos de Montes

Barris em forma de meia lua – Montes

Na VIU MANENT, a visita inicia por um passeio de charrete, onde cabem dez pessoas, e que vai da sede administrativa até o prédio industrial, passando pelo meio dos vinhedos.
Lá é feito o tour e uma primeira degustação diretamente dos tanques de inox.

Voltando à sede, então é feita a degustação completa em uma sala própria.
A sede central é muito bonita, com vários espaços dedicados à história da vinícola.

Do outro lado da estrada, fica o restaurante.
Há um espaço interno e outro externo, embaixo de árvores, com vista para os vinhedos e o campo de equitação.
Se puder, reserve uma mesa embaixo das árvores.
A comida, o vinho e o serviço são de muita qualidade.

Uma das atrações da vinícola é a prática e o treino de equitação para todas as idades.
Há a necessidade de reservar com antecedência.

Como estratégia de negócios, inclusive porque todas as outras vinícolas produzem seus vinhos prioritariamente com Cabernet Sauvignon e Carménère, a VIU MANENT apostou no Malbec.
Eles conseguiram um ótimo resultado. O vinho é muito bom.
Se um dia for escolher um Malbec, experimente o da VIU MANENT, vai valer a pena.

Vinícola Viu Manent Degustação coletiva na Viu Manent

A vinícola LOS VASCOS fica do outro lado da cidade, em direção a Pichilemu.

Pichilemué uma praia que fica a 70 quilômetros de Santa Cruz e que sedia uma das badaladas etapas mundiais de Surf.
Uma sugestão de roteiro é alugar um carro em Santiago,vir para Santa Cruz, visitar vinícolas e depois acompanhar a competição de Surf.

LOS VASCOS,de propriedade de Eric de Rothschild,é considerada a precursora das vinícolas da região de Colchagua.
Há somente dois tours por dia, um pela manhã e à tarde, e com número limitado de pessoas.
A reserva deve ser feita com muita antecedência.
Agradecemos ao Enrique da Tierra y Vino que conseguiu, excepcionalmente, que fossemos atendidos no fim da tarde.

O tour é feito em um Jeep, sem capota, que percorre lentamente uma grande parte dos vinhedos, enquanto a guia Veronica Benavente vai nos contando a história.
Do mirante, dá para ver todo o vale.
São dezenas de hectares de vinhedos, a perder de vista.
É uma visão deslumbrante.
Uma forte e constante brisa no fim da tarde vem do mar.
Ali entendi porque o Sr. Rothschild escolheu este lugar.
Em Bordeaux,no Medoc, seus principais vinhedos ficam muito próximos do mar.

Depois do passeio, a degustação, e um ótimo papo, que durou mais de três horas.
A visita a LOS VASCOS é muito especial.
Nas outras todas, há um movimento normal de visitantes e turistas.
Nesta é uma visita personalizada.
Se conseguir marcar, vale muito a pena.

Vinhedos, Los Vascos Com Veronica Benavente, Los Vascos

A importante vinícola CASA SILVA, fica em San Fernando, onde passa a Rodovia A5.
Aproveitamos para visitar quando estávamos voltando para Santiago.

CASA SILVA é uma das mais importantes vinícolas da região de Colchagua.
A sede administrativa, onde recebem os visitantes, fica nos arredores da cidade de San Fernando.
É um lugar muito bonito, com um paisagismo muito bem desenhado, vinhedos, restaurante e um campo para equitação.
O hotel estava em reforma, para ser reaberto no próximo ano.
Hospedar-se neste lugar é muito bonito. No entanto, é importante frisar que fica a 30 quilômetros de Santa Cruz, que é o centro da região vinícola.
A estrada é de pista simples com um movimento grande de carros e caminhões.
Para visitar as outras vinícolas, é necessário se programar para sair bem cedo e voltar à tarde.
Minha sugestão é se hospedar e curtir Santa Cruz e, se puder, na vinda ou na volta para Santiago, conhecer a CASA SILVA.
Vai levar no máximo duas horas.

O tour é feito ao redor da sede, onde há um conjunto de cepas de diversas castas, para que o visitante possa identificá-las. Posteriormente, o passeio se estende pelo antigo prédio, onde funcionava a produção, e que hoje é destinado ao tour.
A visita passa pelos salões, corredores, velhos barris, pela história da vinícola.
Uma atração interessante é a adega de vinhos dos proprietários, guardada a sete chaves.

De San Fernando a Santiago, de carro, leva no máximo duas horas.

Vinhedos – Casa Silva Tour na Casa Silva

Vinhedos – Casa Silva Adega do proprietário – Casa Silva

Em Santiago, nos hospedamos no HOTEL W, em Las Condes.
É um hotel internacional, alto nível, quartos amplos, atendimento personalizado, com café da manhã incluído, muito bom.
Nessa região, de Las Condes os hotéis são quase sempre de alto nível.
Providência,
bairro próximo, tem uma variedade maior de hotéis.
O hotel organizou as visitas às vinícolas com um guia dedicado.
Saímos logo cedo, às 9h30.

A primeira que visitamos foi Santa Carolina.
Em 1889,o proprietário, junto com o enólogo francês, levou garrafas de vinho para uma prova cega, durante a Feira Mundial de Paris, a mesma da Torre Eiffel, e trouxeram uma medalha de ouro.
O certificado é orgulhosamente exibido durante o tour.

A sede administrativa, onde são recepcionados os visitantes e turistas, fica praticamente dentro da cidade.
Com o crescimento,foi obrigada a mudar seus vinhedos para longe.
O espaço é também utilizado para casamentos e festas de empresas.

tours regulares pela manhã e tarde.
O local é muito bonito, com muitas árvores e flores.
Os prédios são antigos e alguns deles recentemente foram restaurados após o terremoto de 2010.

O tour muito bem conduzido pela Andrea Morris Keller é instrutivo, e em ótimo ritmo.
A interação entre guia e visitantes é muito boa, o que torna a visita muito agradável.
Na sequência do passeio, pelos diversos ambientes e lugares, acontece a degustação que torna o tour ágil.
Os lugares, os espaços, a combinação dos ambientes antigos e novos dão um toque especial.
Ganha-se tempo, pois, ao terminar o tour, a degustação já foi feita.
Este lugar fica em um bairro muito próximo do centro, se puder conhecer, vale a pena.

Vinicola Santa Carolina – Santiago Santa Carolina com Adrea Morris Keller e Matias Espinosa

Santa Carolina – Certificado, Mesalha de ouro – Paris 1889 Santa Carolina – Um tour muito especial

Na sequência, visitamos a PERES CRUZ, uma vinícola familiar, muito recente.
Em 1990, os herdeiros do empresário Pablo Peres Zuñarte decidiram homenageá-lo e criaram esta vinícola, que se tornou muito conhecida e bem-sucedida em muito pouco tempo.
O tour é o tradicional, pelas instalações da produção e termina com a degustação.

PERES CRUZ fica relativamente próximo da Cousino Macul e da Santa Rita, e não longe da Concha y Toro e De Martino,portanto sugiro,ao programar sua visita em Santiago,levar isso em consideração.

A visita seguinte foi à DE MARTINO, nas Isla de Maipo.
Foi aqui, durante o terremoto de 2010, que vários barris de carvalho se romperam. O vinho correu rua abaixo, e pessoas simples da redondeza, com latas, o recolheram para si.

O tour começa pelos vinhedos, dando ênfase ao solo de argila e pedregulho.
No vale, corria um rio que secou, deixando o solo ainda com um pouco de umidade.
Em seguida, visitamos as instalações e a degustação, em um salão muito bonito.

Com Maria José Mena – Vinícola Perez Cruz Com Victória Rivera – Vinícola de Martino

As visitas às Santa Rita e Concha y Toro obedecem ao tradicional, ou seja, as instalações internas, degustação e loja.
Santa Rita
tem como curiosidade a aquisição da Viña del Carmen, famosa por ter sido a responsável pela redescoberta da casta Carménère.

Concha y Toro, talvez a mais reconhecida pelos brasileiros, tem no seu tour a fantasiosa história do Casillero Del Diablo.
Tem seu top de linha, Don Melchor, considerado em 2014 pela Wine Spectator o 9º melhor vinho do mundo.

Ambas têm restaurantes, e é conveniente, ao programar seu tour, conciliar o horário de almoço com a visita a uma delas.

Vinhedos – Santa Cruz Vinhedos – Santa Cruz

Vinhedos – Santa Cruz Paisagismo – Casa Silva

Visitar o Chile é muito conveniente, pela proximidade, pelos custos, pela facilidade da língua e pelas muitas atrações.
É possível combinar viagens a Santiago com o Atacama, a Patagônia, Colchagua, Pichilemu e até com Mendoza.
De São Paulo a Santiago, leva menos de quatro horas de avião.
Como há uma grande oferta de agentes de turismo é possível sempre negociar bons preços.
O turismo no Chile está em um estágio superior ao do Brasil em termos de qualidade de serviços e segurança.
Sinto-me muito confortável para recomendar uma viagem ao Chile.

Se desejar alguma ajuda ou dica na programação, contate-me:miltonassumpcao@terra.com.br

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