CHAMPAGNE – Épernay, Troyes, Bar-sur-Seine, Les Riceys, Essoyes
04 set 2018 às 19h30
Este é o texto de uma nova viagem que fizemos à região de Champagne, que inclui roteiros e visitas a vários produtores da região de Troyes, na Champagne-Ardene. As histórias das dominações dos Celtas, Romanos e Francos nesta região, a cultura e evolução do champagne estão muito bem detalhadas no livro, inclusive a contribuição de Don Perignon no desenvolvimento da produção. O livro aborda ainda a cidade de Reims, onde estão a Taittinger e Veuve Clicquot.
Nesta nova viagem, fizemos o trajeto de avião, São Paulo – Paris. Alugamos um carro no Aeroporto Charles de Gaulle e fomos direto para a região de Champagne. Em toda a região de Champagne, há cerca de 2.000 produtores, e a grande maioria na região de Troyes. Troyes é a capital oficial. Até o século XIX, era onde se concentrava a maior produção, com milhares de pequenos produtores, com famílias em várias gerações.
PROGRAMAÇÃO EM ÉPERNAY La Cave aux Coquillages O objetivo era voltar a visitar a La Cave aux Coquillages, na pequena vila de Fleury-la-Rivière. No livro VIAGENS, VINHOS, HISTÓRIA, faço uma interessante descrição desta vinícola que combina arqueologia com a produção de champagne. Para esta viagem, marquei a visita com antecedência, também com a finalidade de fotos e vídeos para meu canal no YouTube. Como o trabalho de pesquisas arqueológicas continua, desta vez passamos por um túnel novo, recém-aberto, com enormes caramujos e conchas marinhas nas paredes. A degustação foi feita pelo proprietário arqueólogo/viticultor Patrice Legrand, que explicou como as raízes de seus vinhedos descem de seis a doze metros de profundidade para buscar estes nutrientes especiais e minerais. O champagne produzido é de uma qualidade excepcional. Na degustação, percebe-se claramente um toque diferenciado de sabor.A marca comercial do champagne é Legrand-Latour.
A marcação das visitas é feita com reservas antecipadas.São três tours por dia, pela manhã às 10h, e à tarde às 14h e 16h. São sempre pequenos grupos, no máximo sete a dez pessoas. Möet et Chandon É também uma visita obrigatória em Épernay, pela importância que representam no mercado mundial. Decidimos visitar novamente por duas razões. Haviam feito recentemente uma grande reforma nas instalações ligadas ao enoturismo, e queríamos conferir. O tour é o clássico, com a guia contando a história da vinícola, o passeio pelos corredores subterrâneos, onde estão armazenadas milhares de garrafas em evolução, e a degustação.
Há tours regulares, praticamente o dia inteiro, em francês e inglês. Não há necessidade de fazer reserva antecipada. Para este tour especial no fim do dia, recomendo fazer reserva. Em Épernay há vários produtores que atendem o enoturismo, entre eles a Mercier, Boizel, Demoiselle, Perrier & Jouët, e Pol Roger. Cidades e Vilas na Região Ao redor da cidade de Épernay há várias vilas com pequenos e médios produtores. Ao norte de Épernay, nas margens do rio Marne está a linda vila de Damery. Em seguida vem Fleury-La-Riviére, onde fica a La Cave aux Coquillages, que descrevi anteriormente. Na mesma estrada, estão Pomery e Hautvillers. Dos dois lados da pequena estrada, estão os vinhedos dos Beneditinos comprados pela Möet et Chandon e os da Champagne Taittinger, cuja sede fica em Reims.
Todas estas vilas e cidades estão a trinta minutos do centro de Épernay. Um pouco mais ao sul, fica uma das mais importantes vilas, Vertus. Vertus é reconhecida e classificada como uma vila que produz champagne Grand Cru da mais alta qualidade.
Todas as vezes que vou para esta região, eu dedico um dia inteiro para passear de carro por estas pequenas vilas. É muito prazeroso guiar pelas pequenas estradas, passando pelo meio dos vinhedos e descobrir lugares especiais. As castas que predominam são Chardonay, Pinot Blanc e Meunier. Há alguns anos em uma análise genética, descobriram que a Meunier não era Pinot, e passaram a se referir a ela como, simplesmente, Meunier. Eu recomendo dedicarem dois dias inteiros para a região de Épernay. Se incluir Reims, a principal cidade de Champagne, onde estão a Taittinger e Veuve Clicquot, acrescentem um dia mais. Hospedagem em Épernay e Região Não há muitas ofertas de bons hotéis. Há alguns de cadeias internacionais, como Best Western e IBIS, e alguns independentes. Já nos hospedamos nos dois, e voltamos desta vez ao IBIS. Fica no centro de Épernay. Apesar de o padrão ser de quartos pequenos, acaba sendo conveniente pela localização e tranquilidade. O café da manhã surpreende. PROGRAMAÇÃO NA REGIÃO DE TROYES Troyes fica a cerca de cem quilômetros ao sul de Épernay No livro VIAGENS, VINHOS, HISTÓRIA há uma descrição histórica da cidade. Ao sul de Troyes, está a maior concentração de pequenos produtores, com famílias produzindo champagne há várias gerações. São dezenas de pequenas cidades muito próximas Programamos visitar as cidades de Troyes, Montgueux, Bar-sur-Seine, Essoyes e Les Liceys.
TROYES Às margens do rio Sena, é uma cidade grande para a região. A Catedral de São Pedro e São Paulo, do século X, uma das principais atrações da cidade, passou por incêndios e destruições. A última reconstrução, e que se mantém até hoje, é do século XVII. Reúne antiguidade e modernismo. Os vitrais são lindos.
Troyes é reconhecida pelos Outlets, centros de compras com produtos de marcas e preços super atraentes. O mais conhecido é o McArthur Glen, fica nos arredores da cidade. É uma cidade prazerosa para passear durante o dia e com ótimas opções de bares e restaurantes à noite. Todas as vezes que fomos a Troyes, nos hospedamos no Best Western, da Rua Emile Zola, no centro da cidade. A localização é perfeita e é muito tranquilo. É considerada a “região de champagne” de Troyes. Recomendo marcar com antecedência as visitas para degustação, e pode ser feito pelo pessoal do hotel. Mas você pode também ir lá por conta própria. Há vários locais para degustação e vendas, abertos o dia inteiro. Além dos locais de degustações e compras de champagne, Montgueux não tem outras atrações, por isso recomendo programar e dedicar apenas algumas horas. No entorno de Montgueux, há quinze pequenas vilas com pequenos produtores de champagne, mas que não têm um enoturismo. Algumas delas, Torvillers, Macey, Saint-Germain, Messon, Prugny e Saint-Lye, ficam a poucos quilômetros de Montgueux. Se tiver tempo, visite algumas delas. São muito próximas uma das outras. A região é muito bonita.
Bar-sur-Seine Fica a cerca de sessenta minutos ao sul pela Rodovia D671, que vai para Dijon. Hospedando-se em Troyes, vai levar sessenta minutos para ir e outro tanto para voltar.
A maioria das vinícolas e vinhedos está no vale formado pelo rio Sena e seus pequenos afluentes. A região toda é muito arborizada. A amplitude térmica é propícia ao plantio de vinhedos, com dias quentes e noites frias. O solo é de argila com pedras. Há monocastas e blends de ambas as castas. Nos blends, a porcentagem maior é sempre da Pinot Noir. Por exigência das normas DOC, o método obrigatório é o Champenoise. Chateau Devaux A sede principal da vinícola fica na beira da Rodovia D671, e muito próxima de Bar-sur-Seine. É um pequeno palacete, no meio de um jardim muito arborizado, com o rio Sena correndo ao fundo. Em épocas diferentes, três mulheres da família Devaux, viúvas, comandaram os destinos da vinícola com muito sucesso. A Devaux ficou então conhecida como o “Chateau das Três Viúvas”. Durante o século XX, mudou sua sede para Bar-sur-Seine, onde está hoje. Chateau Devaux é considerada uma vinícola grande para a região. Recomendo visitar a Chateau Devaux. Além de muito bonita, o atendimento é ótimo, fica próximo de Bar-sur-Seine e o champanhe é excelente.
Essoyes É uma cidadezinha muito charmosa, às margens do rio L’Ource, afluente do Sena. É também uma cidade de pequenos viticultores, vinícolas familiares, que produzem pequenas quantidades. Seus champagnes são absorvidos na própria região, na França, em países da Europa e nos EUA. O terroir e as castas utilizadas são as mesmas citadas em Bar-sur-Seine. Solo de argila e pedras, amplitude térmica ideal, noites frias e dias mais quentes. As castas são Pinot Noir e Chardonay .
Fica em Noé-Les-Mallets, muito próximo da vila de Essoyes. É considerada uma vinícola Vintage. Dependendo do clima, da chuva, sol, da amplitude térmica, as uvas colhidas, a cada ano possuem características próprias. Assim, o champagne produzido a cada ano tem seu próprio sabor, e é diferente do ano anterior. Por isso é chamado de Vintage. Seus fiéis clientes acompanham a produção e esperam sempre com grande expectativa como vai ser o sabor de cada ano. Louise Brison está sempre focada em surpreendê-los com sabores extraordinários. A maioria dos produtores, principalmente os grandes, produz champagnes dentro de um padrão de sabor que os identifica. Diferente dos Vintages, cujos champagnes reproduzem o impacto do clima em seus terroirs e nas características das uvas, a cada ano. Fomos recepcionados pela engenheira-enóloga Delphine Brulez. Ela é responsável pela agronomia e enologia, cuida dos vinhedos, das uvas, das colheitas e da produção. Em nossa visita, fizemos um tour pelas instalações, as barricas de carvalho e as garrafas em evolução. Depois levou-nos em um passeio pelos vinhedos.
O solo é de argila com pedras. Foi surpreendente descobrir no alto do morro pedras com pequenas conchas do mar. No meio dos vinhedos, os proprietários da Louise Brison, preservam uma pequena reserva florestal para o cultivo de cogumelos e trufas. Na degustação, percebe-se claramente a diferença de sabores e características de cada ano, do champagne Vintage. As principais castas utilizadas na produção são Pinot Noir e Chardonay, com predominância nos blends para a Pinot Noir.
Como outros produtores desta região próxima de Troyes, estes champagnes dificilmente chegam no Brasil. E se chegarem são a preços excepcionais. Outras importantes vinícolas em Essoyes são a Champagne Banfontarc e Philippe Fourrier. Auguste RENOIR Depois de viver e se tornar um pintor impressionista consagrado em Paris, RENOIR escolheu a pequena cidade de Essoyes para morar e criar seus três filhos. Pierre Renoir, o primogênito tornou-se um ator de palco e cinema. O museu Renoir está no centro de Essoyes, às margens do rio L’Ource. A partir daí, o visitante sai do museu e segue caminhando pelas ruas da cidadezinha seguindo marcas e indicações de um roteiro que o leva, ao alto da cidade, até a casa e o atelier.
A primeira visita dentro da propriedade é no atelier externo. Ali estão algumas reproduções e um grande divã, onde ficavam os modelos. A visita é feita em todas as dependências, sala de estar, cozinha e os quartos, conservados com os móveis e objetos utilizados na época. Com calma, dá para fazer toda a visita em duas horas. É tudo muito perto.
Ao sul de Bar-sur-Seine está a cidade de Liceys, a maior e mais importante da região de Champagne-Ardene. Se Épernay é reconhecida pelos importantes produtores, como Möet et Chandon e Mercier, Liceys tem seu reconhecimento pela excepcional qualidade de seu champagne e principalmente pelo Rose de Ricey, preferido do Rei Luiz XIV. Les Liceys fica muito próxima da Borgonha que produz vinhos tintos com a Pinot Noir. É a minha uva preferida para vinhos tintos e agora para o champagne.
Morize Père & Fils É uma vinícola familiar do século XII, e vem passando por gerações desde então. A vinícola conserva ainda a tradição dos antepassados e é muito visitada e apreciada pelos franceses e turistas em geral. Em nossa visita, fomos recepcionados pelo proprietário Morize Guy. Visitamos a cave subterrânea, onde estão os barris de carvalho e as garrafas em evolução. A sala de degustação é ampla e muito bonita. Degustamos vários champagnes e, em especial, o seu Rose de Ricey. É realmente especial, excepcional. A maioria de seu champagne é produzido com a uva Pinot Noir, segundo ele, a que mais aprecia e melhor se adaptou ao terroir da região.
Aliás, este é um diferencial importante nos champagnes desta região. Outras importantes vinícolas em Les Riceys são a Vincent Lamoureux, Arnaud Tabourin, Alexandre Bonnet, Michel Chevrolat e Guy Lamoureux.
Em Les Liceys, há um hotel e restaurante de muito bom nível, Le Magny, 15 rue de la Voie Pouche, Les Riceys. O hotel e a cidade são muito tranquilos, e o restaurante é de um nível especial em todos os sentidos, cardápio variado, lista de vinhos e o atendimento muito profissional. Confiram no site www.hotel-lemagny.com
Há um tour de dois dias, que sai de Paris para esta região. São duas horas de Paris-Troyes em TGV. Você encontra a indicação deste tour no site www.closdriver.com
Roteiros de carro Épernay, Troyes e toda esta região ao sul de Champagne estão muito próximas de Chablis e, principalmente, de Beaune e Dijon na Borgonha. Você pode fazer um roteiro Paris – Épernay – Troyes e região – Chablis – Paris. Ou então, Paris – Épernay – Troyes e região – Beaune e região – e daí voltar a Paris ou seguir em direção sul para Lyon. Vai depender do tempo que programar para sua viagem.
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