SOBRE UVAS, VINHOS E HISTÓRIA… TOSCANA, ITÁLIA.
10 nov 2016 às 12h05
A Itália é um país pequeno, mas muito lindo, dividido em regiões, cada qual com sua geografia, clima e características próprias. Regiões como Lazio, Úmbria, D’Abruzzo, Veneto e Piemonte possuem atrações culturais e turísticas diversas e especiais. Toscana é uma região, no centro da Itália, rica em história, artes, turismo, uvas, queijos e vinhos.
O desenvolvimento desta região está ligado à história da civilização etrusca, aos romanos, ao Renascimento no final da Idade Média, às artes, à cultura, ao turismo e à produção, principalmente, de vinhos. Os Etruscos e os Romanos Há registros da civilização etrusca desde 1700 a.C. Eles dominaram toda a Toscana e parte da Úmbria, Lazio, incluindo algumas ilhas no Mediterrâneo, como a Ilha de Elba. Eram muito evoluídos. Foram os primeiros a dominar a extração e utilização do minério de ferro. A maioria das cidades importantes da Toscana foi construída pelos etruscos. Volterra era a capital, por ter minas de ferro, sal e alabastro. A partir de 283 a.C., aliaram-se aos romanos e com o tempo foram incorporando sua cultura. Estes, por sua vez, aprenderam a dominar a utilização do minério de ferro na construção de armamentos e artefatos de guerra e tornaram-se poderosos. As armas de bronze utilizadas pelas outras civilizações eram mais frágeis e se rompiam nas batalhas. Durante a aliança, dois generais etruscos comandaram legiões romanas. Aos poucos a civilização etrusca foi sendo absorvida pela cultura romana e desapareceu. O alfabeto, semelhante ao grego, nunca foi decifrado. Sua história ficou sem registros, perdida no tempo, restando os cemitérios, as tumbas, os sarcófagos e museus. Os mais importantes ficam em Chiusi, Cortona e, principalmente, Volterra. Os etruscos já produziam vinhos quando da aliança com os romanos. Coube a estes incrementar a qualidade. A uva Sangiovese, casta principal dos vinhos da Toscana, talvez tenha sido trazida pelos romanos de suas conquistas no Oriente Médio. Existe uma teoria que tenha sido trazida por Anibal, o Conquistador. O nome Sangiovese foi dado pelos romanos, e significa sangue de jovem. Ao espremer as uvas nas mãos acentuava a cor vermelha. Era também chamada de sangue de Júpiter – sangue dos Deuses.
VIA FRANCÍGENA NA TOSCANA É o caminho que foi utilizado nos séculos XI e XII pelos Cruzados vindos da Inglaterra e França com destino a Roma e depois seguindo de barco até a Terra Santa. O início oficial era na Catedral de Canterbury, Inglaterra. Passava por várias regiões da França, entrava na Itália pelos Valle d´Aosta e Monginevro no Piemonte, depois pela Toscana e seguia até Roma. Na Segunda Cruzada, o Rei Ricardo Coração de Leão da Inglaterra, o Rei Luiz VII da França e o Rei Conrad III do Sacro Império Romano-Germânico encontraram-se em Vézelay, na França, e após terem sido abençoados pelo frade Bernardo de Claraval, depois canonizado São Bernardo, seguiram pela Via Francígena até Roma e em seguida à Terra Santa. Na Idade Média, passou a ser o caminho utilizado pelos peregrinos para ir até Roma visitar os túmulos de São Pedro e São Paulo. Várias aldeias e cidades foram se formando às suas margens, e eram pontos de parada e descanso dos viajantes. Muitas delas, que tiveram seu auge na época das Cruzadas, foram reativadas na Idade Média pela passagem dos peregrinos. San Gimignano, Monteriggioni, Montalcino e Siena são algumas por onde passava a Via Francígena. Ainda hoje são os pontos de parada mais importantes dos peregrinos. Em San Gimignano as duas principais ruas que cortam a cidade, a Via San Matteo e Via San Giovanni fazem parte da Via Francígena. Em Monterregioni, ela passa dentro da fortaleza, ligando as duas entradas, uma em direção a Siena e outra a Florença. Tem seu nome por vir da França. Não tem o mesmo apelo religioso e místico do Caminho de Santiago de Compostela, mas é ainda muito utilizado por viajantes que a percorrem a pé, de bicicleta e a cavalo. Vários trechos mantêm ainda os calçamentos de pedras da época. No site oficial www.viafrancigena.org você encontra indicações do mapa, itinerários, acomodações e agências que oferecem tours acompanhados. Alguns peregrinos preferem experimentar e caminhar por pequenos trechos, por exemplo, de San Gimignano a Monterrigioni. Em algumas partes há variações no trajeto. O caminho se subdivide, e o peregrino pode optar pela rota que achar mais interessante.
FLORENÇA Florença é a principal cidade da Toscana e a capital do Renascimento. A cidade tem muitas atrações culturais, diversos museus, igrejas, pontes e a magnífica escultura de Davi, de Michelangelo. Consultando os diversos guias de turismo, tanto impressos como na internet, vai ser fácil fazer uma programação de passeios. São muitas as opções e atrações, mas eu destacaria duas delas que recomendo. A primeira é a Basílica de Santa Croce, transformada em Panteão, onde estão sepultados Galileo Galilei, Nicolau Maquiavel, Michelangelo Buonarroti, Leonardo Bruni, Guglielmo Marconi, Gioacchino Rossini e Dante Alighieri, entre outros. A segunda é o Museo Galileo – Instituto e Museo di Storia Del La Scienza –, com espaços dedicados às descobertas de eletricidade, eletromagnetismo, química, navegação e astronomia. Como destaque, uma sala dedicada a Galileo Galilei, com seus telescópios, lunetas, mapas e outros objetos utilizados em suas pesquisas e descobertas do universo… Imperdível! Florença foi locação de vários filmes, e destaco especialmente o segundo Hannibal, com Anthony Hopkins, cujas locações podem ser conferidas passeando pelo centro histórico. Entre Florença e Siena está a região do vinho Chianti. De Florença saem tours diários para cidades medievais próximas, inclusive a região do vinho Chianti.
SIENA Siena foi fundada pelos etruscos e durante muito tempo dividiu com Florença o domínio da região. Famosa pela Corrida do Palio e também pelo vinho Chianti. Corrida do Palio é uma corrida de cavalos, que teve origem no século XVII e ocorre duas vezes ao ano, nos dias 2 de Julho e 16 de Agosto, na Piazza del Campo com a participação de cavaleiros representando 18 comunidades. Palio significa “estandarte”, e o ganhador, em vez de uma taça, recebe como premiação um estandarte pintado à mão com a imagem da padroeira Nossa Senhora da Assunção ou Provenzano. Nos dias 2 de Julho e 16 de Agosto são as corridas finais, mas durante todo este período, os treinamentos e adestramentos dos cavaleiros, na Piazza del Campo,diversas atividades e solenidades, acabam movimentando a cidade. Independente de assistir às provas finais, ao visitar Siena neste período, o turista vive toda a movimentação e o clima criado pela Corrida do Palio. Há agências especializadas para levar turistas, com locais reservados para participar e assistir às corridas finais. De Siena também saem tours diários para visitar cidades medievais próximas e a região do vinho Chianti.
Região do Vinho Chianti – A Lenda Segundo a história ou a lenda, havia uma disputa entre Florença e Siena para a demarcação de suas fronteiras. Para resolver esta questão, criaram uma competição em que dois cavaleiros sairiam de suas cidades ao amanhecer, após o primeiro canto de um galo. Siena escolheu um galo bonito, forte e muito bem alimentado. Florença por sua vez escolheu um galo negro, fraco e que foi deixado sem comer por três dias. Com fome o galo negro de Florença cantou primeiro, e seu cavaleiro saiu em disparada em direção a Siena. Quando o galo bonito e forte de Siena cantou, já era tarde, seu cavaleiro correu pouco, porque já encontrou o cavaleiro de Florença a poucos quilômetros de Siena. Assim, Florença ficou com a maior parte da região de Chianti, e o galo negro como símbolo.
Há registro da produção de vinhos nesta região desde 1398 e, curiosamente, vinho branco. Em 1716, o Duque da Toscana estabeleceu uma Lega Del Chianti compreendida pelas cidades de Gaiole, Castellina, Radda e Greve. Já então produzindo principalmente o vinho tinto. Em 1932, sob a DOC – Denominação de Origem Controlada –, foram incluídas as cidades Barbenio Vale D’Elsa, Chiocchio, Robbiano, San Casciano in Val di Pesa e Strada. Atualmente sob a DOCG – Denominação de Origem Controlada e Garantida – foram criadas sub-regiões, mantendo como cidades principais Gaiole, Radda, Castellina e Greve. Greve in Chianti é hoje a maior de todas e considerada a capital da região. É uma cidade ainda pequena, com uma grande praça central, onde estão localizadas as lojas, restaurantes e o escritório de turismo. Ela se desenvolveu mais que as outras porque a rodovia SR222, que liga Siena a Florença, passa dentro da cidade. Há uma autopista ligando Siena a Florença, mas para conhecer a região o melhor é utilizar a SR222. É uma rodovia de pista simples, cheia de curvas, subidas e descidas, que passa por dentro das vilas, cidades, vinhedos, e é muito bonita. A rodovia SR222 passa também dentro de Castellina-in-Chianti, uma vila de uma rua só, muito charmosa. É fácil de estacionar o carro e vale a pena parar para conhecer. As outras cidades Gaiole-in-Chianti e Radda-in-Chianti ficam a 8 e 10 quilômetros da SR222. Há uma outra, rodovia direta de Siena para Gaiole, SP408, rodeada de vinhedos. De lá você pode também seguir para Radda, Castellina e Greve.
Quanto à hospedagem, onde ficar vai depender da programação da viagem e principalmente do interesse. Pode se hospedar em Florença ou Siena, aproveitar para conhecer as atrações das cidades e pegar um tour de um dia para visitar vinícolas. Tanto em Siena como Florença, há várias opções de tours diários. De carro, o ideal é que já tenha feito reservas nas vinícolas. Ou então, ao chegar no hotel, verificar se o concierge ou a recepção podem marcar.
Se o interesse for grande por vinho, o ideal é se hospedar pelo menos duas noites em Greve in Chianti. Há várias opções de hotéis e agroturismos. Há três castelos belíssimos muito visitados pelos turistas que, além da visita e da degustação, também oferecem acomodações de hotel. São muito especiais, porque são históricos. O Castelo da Monna Lisa – Castelo da Família Gherardini-Vignamaggio – fica muito próximo do centro de Greve e segundo a lenda foi ali que nasceu Lisa Gherardini, imortalizada na pintura La Gioconda por Leonardo Da Vinci. Acreditam que foi neste castelo que Da Vinci pintou o famoso quadro. Você pode reservar um tour para simplesmente visitar o Castelo, provar os vinhos ou se hospedar. www.vignamaggio.com
O Castelo Vicchiomaggio fica também muito próximo, ao norte de Greve, em direção a Florença, na vila de Greti, pela SR222, no topo de uma colina e rodeado de vinhedos. Há tours de visitação e degustação em poucos horários. O tour das 11h30 inclui visitação, degustação dos vinhos combinados com um almoço no salão principal do castelo. Vicchiomaggio é também hospedaria. Há duas atrações a mais no castelo. Foi cenário do filme Much Ado About Nothing “Muito Barulho por Nada”, baseado na comédia de Shakespeare, com Emma Thompson, Kenneth Branagh e Keanu Reeves. No hall de entrada, há uma reprodução do quadro La Gioconda. Há registros de que Leonardo Da Vinci se hospedou neste Castelo e pode ter sido ali que pintou parte da obra. Isto porque no La Gioconda há o desenho de uma estrada sinuosa. Olhando do jardim do castelo há realmente uma estrada sinuosa muito parecida com a pintura de Da Vinci.
O Castelo Verrazzano construído em 1170 pertenceu ao nobre e navegador Bernardo da Verrazzano. Em 1524, empreendeu junto com o rei Frederico I da França uma viagem marítima à América, que havia sido descoberta em 1492 por Cristóvão Colombo. Coube a ele “descobrir” a costa americana, da Carolina do Sul até o Canadá. O reconhecimento veio em 1964 quando foi dado seu nome à Ponte Verrazzano, que liga Staten Island ao popular bairro do Brooklin em Nova York, por ter sido o primeiro europeu a navegar as costas da ilha de Manhattan e o Rio Hudson. Em 1528, empreendeu uma nova viagem à América, da qual não regressou. Acreditam que tenha sido aprisionado com toda sua tripulação e devorado por canibais. Este castelo é muito procurado por turistas e tem uma programação de visita e degustação de vinhos contínua. É também hospedaria. Neste castelo, além do vinho Chianti de ótima qualidade produzem um Vinagre Balsâmico – Aceto– de uma qualidade extraordinária. O vinagre é colocado em grandes barricas de carvalho e fica maturando por 8 anos. Neste período, há uma perda de 85% do líquido, que então é transferido para pequenas barricas de carvalho por mais 2 anos, ou seja, um total de 10 anos de maturação. Por todo este tempo e cuidado, o preço de um frasco pequeno é de Euros $ 48,00. Na prova dos vinhos, você pode provar uma colherinha de café deste líquido precioso.
Recomendo fazer reservas com antecedência nos três palácios, para as visitas, degustações e hospedagem. Os sites são muito bem desenhados e muito fáceis de interagir. Eu recomendo fortemente visitar estes palácios. Os guias são muito bons, e é um passeio ótimo. Há também várias opções de hospedagem, mais simples, mais baratas e com uma qualidade ótima. Muito próximo de Greve há os agroturismos Il Santo, Patrizia Falciani e Belvedere. São todos espaçosos, super tranquilos, no meio dos vinhedos, com chalés independentes. Todos eles com acomodações que incluem cozinha completa para que os hóspedes façam o próprio café da manhã. Ao fazer o check in, você recebe as chaves das acomodações e fica por conta própria. A segurança é total. Na cidade há também várias opções de hotéis de todos os níveis. Na praça principal de Greve in Chianti há uma grande loja/armazém com uma variedade enorme de vinhos, queijos, presuntos, salames, pães e outras iguarias. A região de Chianti é cheia de colinas e pequenos morros. O TERROIR desta região apresenta um solo de argila e calcário. Há várias áreas de matas que tornam o clima mais úmido. Mesmo assim é quente durante o dia, e a temperatura cai bastante à noite.
Chianti Tradicional é aquele com a garrafa em formato arredondada revestido com palha. Algumas vinícolas ainda produzem, para o turismo. Na época do seu lançamento, foi considerada a garrafa padrão obrigatória. A palha foi incluída porque o vidro era branco transparente e a claridade prejudicava a longevidade do vinho. O formato arredondado, no entanto, causava problemas para os despachos e a armazenagem. Aos poucos, pelas exigências de padronização do mercado nacional e internacional, foram substituídas por garrafas com vidro mais escuro e pelos formatos padrões utilizados em todo o mundo.
Gran Selezione, Riserva e Classico são vinhos produzidos dentro da DOCG, que é composta de quatorze municípios. Obrigatoriamente, os tintos devem ter 80% de uva Sangiovese e 20% de outras castas, que podem ser Canaiolo, Colorino, Cabernet Sauvignon ou Merlot. Os tintos IGT – Indicazione Geográfica da Toscana–, produzidos nas sub-regiões ou fora da região demarcada, podem utilizar 50% de Sangiovese e completar com as outras castas. Os vinhos brancos são produzidos com as uvas Trebbiano e Malvasia. Na região há aproximadamente 500 produtores de Chianti. Estes são alguns dos principais produtores que recomendo visitar: Azienda Agricola Querciabella, Antinori, Brancaia, Barone Ricasoli, Il Molinodi Grace e Castello di Volpaia. Em Greve in Chianti, o Consorzio del Vino Chianti Classico controla a qualidade e quantidade da produção dos vinhos desde 1924. Algumas vinícolas estabeleceram uma produção média de uma garrafa para cada cepa de uva.
MONTEPULCIANO Não há registros históricos precisos sobre sua fundação. É certo, no entanto, que foi uma aldeia etrusca, e que se desenvolveu a partir da dominação dos romanos. Fica no alto de uma colina e é totalmente rodeada de muralhas, que podem ser vistas de muito longe. Circundando as muralhas, a vista dos vales ao seu redor é também muito bonita. A Porta principal de entrada na cidade é pela estrada que vem de Sinalunga. Ao atravessar as muralhas, inicia a rua principal, a Via di Gracciano-nel Corso. Ali estão restaurantes, butiques, bazares, lojas para degustação e compra de vinhos, queijos, algumas igrejas e bancos. Já no início no número 82, há uma atração imperdível, a Azienda Agrícola e Vinícola ERCOLANI, um grande armazém para degustação e compra de vinhos, queijos, óleos e outras iguarias. Mas a atração maior é que esta loja está sobre uma Citta Sotterranea. Descendo as escadas, há uma série de corredores, túneis, salas e tumbas, que fazem parte das ruínas da cidade antiga dos etruscos. É considerado um museu etrusco. A entrada é gratuita, e funciona o dia inteiro. Ercolani é uma combinação perfeita de turismo gastronômico e cultural, imperdível! É proibido entrar de carro pela entrada principal, a Via di Gracciano-nel Corso, mas circundando as muralhas há várias outras entradas que levam até estacionamentos dentro e próximo ao centro e à praça central, no topo da colina. É uma cidade que, pelo fato de estar construída no alto de um morro, possui ruas íngremes que requerem um certo esforço para caminhar. Mas vale muito a pena. Em todas as ruas há lojas e restaurantes. O Caffe Poliziano é um dos lugares típicos obrigatórios. Tradicional, mantém ainda uma atmosfera romântica dos velhos tempos. É um lugar especial para café da manhã, happy hour, almoço e jantar. Se possível escolha uma mesa próxima da varanda. A vista é maravilhosa. No mês de Agosto, há a competição tradicional Corrida do Barril. Dois representantes de cada comunidade rolam um barril de vinho vazio rua acima até a praça principal no topo da colina. Os vencedores recebem como prêmio uma bandeira decorada com referências ao evento, que passa a ser orgulhosamente exibida na comunidade. O Escritório de Turismo fica na praça da catedral, em frente ao Pozzo dei Grifi e dei Leoni. De lá saem pela manhã tours diários para visitar vinícolas. É preciso marcar com antecedência. Os filmes O Paciente Inglês e O Crepúsculo, série de vampiros, tiveram cenas rodadas nas ruas e na praça central.
Visitas às Vinícolas O ideal para visitar vinícolas em Montepulciano é através de um guia que pode fazer a marcação das visitas. Recomendo contatar o Emanuelle na info@tuscanytransfer.it Visitamos, em uma manhã, três vinícolas muito importantes e de ótimos vinhos, Boscarelli, Poliziano e Valdipiatta. A visita e o atendimento na Boscarelli e Valdipiatta foram mais personalizados. Além da degustação pudemos visitar os vinhedos e toda a área industrial. Existem hoje cerca de 70 produtores de vinho na região de Montepulciano. Um número relativamente pequeno para a importância do vino nobile.
Vino Nobile O vinho tinto de Montepulciano é um dos mais antigos da Itália. Há referências a ele em citações de textos dos anos 789, 1350 e 1605. Era conhecido como o Vino Rosso de Montepulciano. O Vino Nobile de Montepulcino é produzido com 100% de uva Sangiovese e fica 12 meses nas barricas de carvalho e um tempo mais nas garrafas, antes de ir para o mercado. Muitos produtores preferem se referir à uva Sangiovese como Prugnolo Gentile. A justificativa é que a uva de Montepulciano é uma derivação da Sangiovese, mais leve, menos encorpada, mas com muito tanino e sabores que dão um toque mais refinado e elegante ao vinho. Na região, há várias aziendas familiares e empresariais. Com o crescimento do mercado mundial de vinhos, várias empresas estão adquirindo terras e comprando os negócios de pequenos e médios viticultores. O Terroir de Montepulciano é seco, com pouca chuva, e solo composto de argila e granizo. Nas regiões mais baixas, o solo é composto de mais argila, com um pouco de pedras. O Verão com dias quentes e o Inverno com noites frias são próprios para o plantio de uvas de qualidade.
Montepulciano D’Abruzzo Este vinho tem uma excelente distribuição no Brasil e é encontrado em vários pontos de vendas e supermercados a bons preços. D’Abruzzo é uma região importante da Itália, a nordeste de Roma, banhada pelo Mar Adriático, tendo como capital a cidade de L’Aquila. Há referências à produção do vinho em Abruzzo desde 247a.C. Em D’Abruzzo dizem que a uva Sangiovese é uma derivação da uva Montepulciano. Montepulciano diz exatamente o contrário. Os registros históricos, no entanto, atestam que há citações antigas do vinho de D’Abruzzo.
PIENZA Perto de Montepulciano, a 20 quilômetros a oeste, fica a cidade de Pienza, que pelo desenho e urbanismo foi considerada a cidade ideal do Renascimento.
Para quem aprecia queijo Pecorino, no caminho de Montepulciano a Pienza, há uma propriedade rural com criação de ovelhas, produção e venda de queijo pecorino, geléias, mel e outros produtos locais. Há uma placa grande à direita da estrada indicando o local, Pecorino di Pienza – CUGUSI. Fazem embalagem climatizada para viagem. Pecorino é o queijo feito com leite de ovelha (pecora).
MONTALCINO Famosa pelo vinho Brunello, foi fundada pelos etruscos em 814a.C. Montalcino desenvolveu-se nos séculos XI e XII por fazer parte da Via Francígena e ser um ponto de parada e descanso dos cruzados em direção a Roma e à Terra Santa. Em Montalcino há uma competição em Agosto de Arco e Flecha, que é realizada dentro do castelo. Quatro comunidades indicam seus representantes. No sábado, ocorrem as preliminares. O alvo é colocado a uma primeira distância, e depois vai recuando à medida que os competidores vão acertando ou errando. Os que erram vão sendo eliminados. Ao fim sobram os dois últimos, o vencedor e o segundo colocado das preliminares vão para as finais no domingo. O vencedor da preliminar escolhe a primeira distância, e partir daí o alvo vai sendo afastado até que saia um vencedor. Ele ganha, em nome da comunidade, uma bandeira decorada e vinhos Brunellos. Próximo ao centro, há um museu histórico e uma igreja recentemente restaurada, que foi locação de uma cena do filme Romeu e Julieta, de Franco Zeffirelli.
Vino Brunello di Montalcino Montalcino, assim como algumas cidades da região, vivia no século XIX uma certa estagnação com a redução do movimento da Via Francígena. Nesse período, já se produzia vinho tinto para consumo local. Neste período, houve um grande incremento com a vinda para a região do Castello di Banfi. Em 1969, o presidente da Itália em um jantar na Embaixada Italiana de Londres em homenagem à Rainha Elizabeth II, ofereceu a ela e a seus convidados um Brunello Biondi-Santi Riserva 1955.
Biondi-Santi Riserva 1955 foi considerado pela Wine Spectator um dos 12 Melhores Vinhos do Mundo do século XX. A altura máxima para os vinhedos nesta região deve ser de 600 metros do nível do mar. O solo é de argila e calcário. Clima seco, com pouca chuva, quente durante o dia e frio à noite. O mesmo terroir de Montepulciano, com uma pequena diferença, Montalcino fica relativamente mais próxima do Mediterrâneo.
Variedades dos Vinhos Há alguns anos, dentro de todas as obrigatoriedades da produção do Brunello era exigido que o vinho ficasse em barricas de carvalho por 45 meses. O Brunello di Montalcino é produzido com 100% de uva Sangiovese e deve ficar em barris de carvalho no mínimo 24 meses e mais 12 meses nas garrafas, antes de ir para o mercado. Apesar de ser reconhecido pelo vinho tinto, produzem um ótimo vinho frisante, licoroso e aromático, Moscadello di Montalcino. No passado, utilizavam a uva moscadella que foi dizimada pela Filoxera. Hoje é produzido com a casta moscato bianco.
O Biondi-Santi continua um ícone e é, seguramente, o mais famoso de todos. Sua produção passou de geração por geração. O nome Biondi foi adicionado à marca quando a filha de Clemente Santi casou-se com Jacopo Biondi. O neto Ferrucio Biondi-Santi deu um grande impulso na produção no século XIX. As gerações seguintes mantiveram o nível e até melhoraram. O Brunello Biondi-Santi Riserva 1970 é considerado um ícone da Enologia Mundial. Seus vinhedos Il Greppo são considerados um dos melhores terroirs do mundo. Todas estas vinícolas têm recebido premiações nacionais e internacionais, regularmente.
Visitas às Vinícolas Visitar vinícolas em Montalcino requer uma programação muito especial, isso porque elas ficam em quatro estradas que saem da cidade em diferentes direções. E não há estradas menores ou vicinais interligando-as. Nesta última viagem contratei os serviços de uma guia muito especializada, info@artemisiaviaggi.it ou nadiabindi@artemisiaviaggi.it. Nadia tem um ótimo relacionamento com todas as vinícolas. Fez uma programação muito dinâmica, visitamos cinco vinícolas em um dia, com direito a almoço em uma delas. Em todas, fomos recebidos de uma maneira muito especial. Visitamos a Podere Le Ripi, que fica em uma vila próxima Castelnuovo dell’Abate, onde fomos recebidos pelo enólogo Sebastian Nasello. Essa vinícola fica na mesma estrada da Biondi-Santi, Fattoria dei Barbi, Museu do Brunello e da turística Abazzia di Sant’Antimo, um convento medieval.
Em seguida, a Poggio-Antico, muito linda, fica em uma região alta, dos jardins avista-se o mar. No Castello Tricerchi tivemos uma ótima surpresa. Participamos do almoço que os proprietários oferecem aos empregados que participaram da colheita. A degustação dos vinhos foi durante o almoço, comum delicioso penne ao pesto. De lá fomos para a icônica Casanova Di Neri. A última visita foi à uma vinícola pequena e familiar Villa Le Prata.
Biondi-Santi estava fechada por causa da colheita. Só iriam abrir para os visitantes após encerrarem todas as atividades do processo de vinificação. Pudemos conversar com funcionários que nos disseram que apreciam muito os brasileiros, principalmente depois que a novela Terra Nostra foi toda gravada no local. Em Montalcino, ficamos no agroturismo Canalicchio di Sopra, que fica a 5 quilômetros da cidade, na estrada que vai para Siena. São poucos apartamentos, espaçosos, muito bem decorados, confortáveis, todos de frente para a piscina e os vinhedos. Servem um café da manhã simples. O atendimento é muito bom. A partir das 18 horas, o hóspede fica por conta própria.
Muito próximo de Montalcino está a cidade medieval de San Giovanni D’Asso famosa pela trufa branca (tartufo bianco).
Já saindo de Montalcino em direção a Siena, a 20 quilômetros está a cidade de Buonconvento. Pequena, simples e medieval, era uma das importantes paradas dos peregrinos. Mantém ainda uma hospedaria para os peregrinos, a preços muito econômicos.
San Gimignano foi fundada pelos etruscos em 300a.C. Hoje, tombada pelo Patrimônio Histórico, é uma dessas cidades que conservam ainda toda a magia do período medieval.
Monteriggioni, no topo de uma colina, foi uma importante fortaleza durante as disputas entre Siena e Florença. Estrategicamente localizada, era também um lugar seguro para descanso e pernoite dos cruzados e peregrinos.
Volterra, a capital dos etruscos, foi fundada no século IV a.C. Localizada no centro da Toscana, era rica em veios metálicos, ferro, salinas e alabastro. As festas medievais são realizadas desde 1398 e uma das atrações é a Corrida do Queijo pela Via Franceschini, em que competidores eleitos por sua comunidade rolam os queijos rua abaixo.
ILHA DE ELBA Muito conhecida por ter sido em 1814 o cativeiro de Napoleão Bonaparte por 10 meses, hoje faz parte da Toscana e está ligada ao município de Livorno.
Portoferrario é a capital da ilha, voltada para o lado do continente. Movimentada pelo porto, é o centro de negócios. À sua volta, há praias com um mar azul e transparente do Mediterrâneo. Aleatico Dell’ Elba é um vinho licoroso produzido com a uva aleática, secada ao sol, que harmoniza muito bem com doces, chocolates e frutas, principalmente o pêssego.
A Toscana é rica em história, beleza natural e vinhos da mais alta qualidade. Você pode iniciar uma viagem por Florença, Milão ou Roma, todas têm voos diários de várias partes do mundo. As cidades são próximas umas das outras, as estradas são pequenas, muito bem conservadas e com pouco movimento, o que facilita a circulação. Há várias opções de hotéis e agroturismo. É uma região muito linda.
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