Vale de Sonoma e Vale de Napa

22 ago 2019 às 18h15

Os Condados de Sonoma e Napa, na Califórnia, são as duas regiões produtoras de vinhos mais importantes dos EUA.

Apesar do Condado de Sonoma ser três vezes maior em território e historicamente ter sido o pioneiro na produção dos vinhos, aqui no Brasil e praticamente em todo o mundo esta região vinícola é mais conhecida como o Vale de Napa, ou Napa Valley.

Isto porque, os produtores de Napa trabalharam melhor a propaganda e a distribuição de seus vinhos.

Napa tornou-se também uma atração para personalidades, artistas, esportistas e políticos que, amantes do vinho, decidiram colocar ali seus prestígios e investimentos.

Em uma viagem para esta região é importante planejar visitas às vinícolas tanto de Sonoma como de Napa. Muito próximas, ambas têm características culturais próprias, principalmente por suas origens e pela história de seus desenvolvimentos.

Napa é mais internacional, Sonoma é mais cultura local, mais country, mais autêntica.

Vinhedos da região

Montanhas, Vales e Vulcões

Vale de Napa e Sonoma ficam a cerca de duas horas a noroeste de San Francisco, em meio a três cadeias de montanhas, por onde correm o Rio Napa e o Rio Rússia.

Há milhões de anos quando houve o choque das placas tectônicas, toda esta região emergiu do fundo do Oceano Pacífico, formando três cadeias de montanhas, com muitos vulcões na época, ativos.

Considerando a partir do Oceano Pacífico, após duas cadeias de montanhas vem o Vale Sonoma, em seguida passando uma terceira cadeia de montanhas está o Vale de Napa.

Ambos hoje rodeados de vulcões extintos.

A Falha de San Andreas que corta a Califórnia de norte a sul, cruzando Los Angeles e San Francisco, passa muito perto, e a região toda é sujeita a abalos sísmicos.

O solo nos vales, rico em nutrientes, é composto de argila, pedras, resíduos marinhos e sedimentos vulcânicos.

É um dos poucos lugares no mundo com esta composição de solo, o que faz com que as uvas e os vinhos desta região sejam muito especiais.

Dizem que em Napa, cada copo de vinho tem aroma e sabor diferente.

É uma região com bastante chuva e que exige um controle rígido da umidade.

Há vinhedos plantados nas colinas, onde o solo é mais seco com pedra, areia e resíduos vulcânicos.

As cepas produzem menos uvas, mas com mais cores e sabores.

É considerada a menor área de produção de vinhos do mundo com maior diversidade de terroirs. E isto se reflete na grande variedade de castas de uvas e vinhos produzidos.

Vinhedos da região

A HISTÓRIA DA REGIÃO

A região era habitada por cinco tribos indígenas que guerreavam entre si.

Duas delas, mais importantes, a tribo Miwok em Sonoma e Wappo em Napa.

O nome Wappo, uma derivação de guapo (bravo – guerreiro), foi dado pela resistência que ofereceram aos conquistadores.

Os espanhóis não chegaram a fixar nenhuma base para dominar e controlar a região.

Estavam mais interessados em ouro e prata.

Assentamentos da Rússia no Alaska e Califórnia

Até início do século XIX, a Califórnia e principalmente o Alaska não haviam despertado interesse de colonização.

O nome Alaska origina-se da palavra alyeska – terra grande – na língua dos Esquimós.

Em 1812, russos vindos da Sibéria, estimulados pelo Czar Alexandre II, atravessaram o Estreito de Bering e estabeleceram uma comunidade, onde é hoje a cidade de Sitka, no Alaska.

Junto com os russos vieram também imigrantes da Polônia, Ucrânia e Alemanha.

Alaska tornou-se um centro de comercialização de peles, chá e peixes.

Havia uma abundância de ursos, coiotes, raposas vermelhas, castores, marmotas e lontras, para serem caçadas.

Mapa do Alasca
 

Forte Ross

Como esta região não era propícia ao desenvolvimento da agricultura, para suprir os assentamentos, os russos decidiram buscar uma região mais ao sul para o plantio e produção de alimentos.

Encontraram os territórios livres e prontos para serem ocupados, no noroeste da Califórnia. Em 1838 iniciaram o plantio de alimentos em Forte Ross e implantaram uma comunidade à beira-mar, onde é hoje Bodega Bay.

Os russos estiveram nesta região até 1842, quando, após várias epidemias e insucessos na produção dos alimentos, decidiram vender todas as suas propriedades por US$30.000 para o germânico – suíço John Sutter.

Os russos concentraram então suas atividades e comércio de peles e peixes no Alaska, onde havia também uma mina de carvão.

Neste período, logo após o término da Guerra Civil, o Governo Americano conduzido pelo Presidente Andrew Johnson decidiu que seria estratégico ter o Alaska sob seu domínio.

Coube ao Ministro de Estado William Seward negociar com os russos.

Naquele momento a Inglaterra, que então dominava o Canadá, estava pressionando a Rússia para entregar este território.

Os russos consideravam as condições de vida no Alaska muito difíceis, havia poucos recursos naturais e era um território isolado, difícil de defender, caso a Inglaterra decidisse invadir.

Foi quando o ministro Seward, representando os EUA, apresentou uma proposta de compra que foi logo aceita pelo Czar Alexandre II.

Os jornais da época, principalmente do lado Leste dos EUA, Nova York, Washington, e Chicago, criticaram e referiram-se a esta compra como “as geleiras do Seward, ridículo” – “jardins dos ursos polares, loucura”.

A Compra do Alaska foi assinada no dia 30 de março de 1867, custou US$ 7,2 milhões, dois centavos de dólar por hectare e um território total de 586.412 milhas².

Viviam lá na época 2.500 russos, 8.000 aborígenes e 50.000 esquimós.

No fim do século XIX, foi descoberto ouro e houve uma invasão de garimpeiros, que ajudou os americanos a povoar o Alaska.

Czar Alexandre IIWilliam Seward

SONOMA

No início do século XIX, o México havia se tornado independente da Espanha e decidiu tomar posse de territórios então controlados pelos espanhóis.

Em 1823, o Padre franciscano José Altamira fundou a Missão de San Francisco Solano de Sonoma.

Em 1833, o governo mexicano, que dominava toda a Califórnia, já pressionado pelos EUA, enviou para o local o General Mariano Guadalupe Vallejo para construir um Forte na vila de Sonoma, e estabelecer um controle militar da região.

Mariano VallejoSonoma County Mission

Em 1846, já com os EUA se apropriando de várias cidades e territórios mexicanos na região sul, trinta e três moradores locais decidiram se rebelar.

Reuniram o grupo na praça central de Sonoma, protestando em frente à casa do governador mexicano. Este, na ocasião, contava com apenas treze soldados.

Vallejo não opôs resistência e entregou o controle do Forte e de todas às dependências aos rebelados, com a condição de ele continuar vivendo em Sonoma, mantendo suas propriedades.

Foi então criada a República de Sonoma. O primeiro Presidente foi o líder dos trinta e três protestantes, Willian B. Ide, e o símbolo da nova república, a bandeira Bear Flag.

Em 1850, Sonoma foi integrada aos EUA e a Bear Flag trocada pela bandeira americana.

O Forte, a Igreja, os alojamentos e dois hotéis da época estão ainda muito bem conservados, e fazem parte do roteiro turístico da pequena cidade.

Sonoma Bear FlagSonoma City Hall

NAPA VALLEY

Até o início do século XIX, o Vale de Napa era uma região ainda povoada pelos índios Wappos.

Em 1836, George C. Yount solicitou autorização ao governo mexicano para implantar uma estância para criação de ovelhas. Yount foi o primeiro morador oficial do Vale de Napa e fundador da cidade de Yountville.

Em 1847, o agricultor Nathan Coombs fundou a cidade de Napa, à beira do rio.

Em 1850, o Condado de Napa passou a integrar os EUA.

A região passou a ser povoada por agricultores e produtores de vinhos.

George C. YountSonoma – Vinhedos


A HISTÓRIA DAS UVAS E DOS VINHOS

As principais cidades da região são Sonoma, Napa, Yountville, Saint Helena e Calistoga.

Em 1857, o húngaro-americano Agoston Haraszthy fundou em Sonoma, a primeira vinícola, Buena Vista Winery.

Agoston Haraszthy é considerado o Pai, e Sonoma, o berço da Viticultura da Califórnia.

Em 1859, o inglês John Patchett fundou a primeira vínícola de Saint Helena.

O prussiano, Charles Krug que havia trabalhado como enólogo para Patchett, fundou em 1861 a primeira vinícola na cidade de Napa.

Em 1862, duas vinícolas foram fundadas em Calistoga, uma pelo americano Sam Brannan e a outra pelo alemão Jacob Schram.

Charles KrugAgoston Haraszthy

Com o desenvolvimento da região e a crescente produção de vinhos, nos anos seguintes, várias vinícolas foram criadas fazendo com que esta região se tornasse o principal polo produtor de vinhos dos EUA.

Atualmente há várias personalidades investindo na região, e entre elas estão, Francis Ford Copolla, diretor de cinema; Mario Andretti, corredor de Fórmula Indy; Diane Disney Miller, filha de Walt Disney; Joe Montana, famoso quarterback da NFA ; e Yao Ming, famoso jogador chinês de basquete da NBA.

Francis Ford CoppolaMario Andretti

Principais Castas de Uvas

Os primeiros vinhedos foram plantados com a uva Zinfandel.

Zinfandel é um clone das uvas Crljenak Kastelanski e Tribidrag da Croácia, e foi trazida pelos imigrantes alemães.

Imigrantes italianos da região da Puglia trouxeram consigo mudas da uva Primitivo, que é também um clone das mesmas uvas da Croácia.

Na Califórnia, a uva Primitivo passou a ser reconhecida e chamada de Zinfandel.

Atualmente as castas francesas Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Petit Verdot, Malbec, Syrah, Petit Syrah, Chardonnay, Sauvignon Blanc, Pinot Gris/Grigio, dominam as plantações dos vinhedos.

Cabernet Sauvignon representa 55% do total, por sua adaptação fácil, alto rendimento e ser uma uva simples de cultivar, além de produzir ótimos vinhos.

A Pinot Noir é uma uva que requer, além de um terroir adequado, atenção e cuidados especiais. Em Sonoma e Napa seus vinhos estão em níveis extraordinários. Eu aprecio muito a uva Pinot Noir e aproveitei a viagem para degustar vários deles.

Zinfandel é uma uva que continua em alta com os produtores, principalmente em Calistoga.

Vinhedos na região de Saint Helena

Classificação dos Vinhos

Em Sonoma e Napa, o consumidor escolhe o vinho primeiro pela vinícola, depois pela uva e então pela classificação. Não existe uma classificação determinada.

Normalmente, nos rótulos são colocados o nome da vinícola, a região, como Napa, Sonoma, Calistoga, a casta da uva e as classificações mais usuais como Premium, Reserve, Private Reserve, Home Vineyards, Napa Estate e Sonoma Estate.

Em alguns casos, incluem o nome dos vinhedos.

Muitas vinícolas colocam a classificação ESTATE, para identificar que as uvas daquele vinho foram colhidas de vinhedos próprios.

Recomendo degustar vinhos com a uva Zinfandel, principalmente os produzidos em Calistoga.

Vinhos de Sonoma e Napa

Filoxera – Lei Seca – Terremoto – Fogo

No início do século XX, toda a região foi atingida pela Filoxera.

Esta praga havia dizimado 90% dos vinhedos da Europa, na Califórnia foram 70%.

Os vinhedos foram arrancados e replantados com troncos americanos, já imunes à praga.

No replantio foram introduzidas várias castas francesas que se adaptaram muito bem aos terroirs da região.

Durante os cinco anos necessários para o crescimento das novas plantas e as primeiras colheitas de uvas, a economia da região foi muito prejudicada.

Várias vinícolas não sobreviveram.

Em 1920, o governo federal dos EUA colocou em vigor uma lei de controle ao consumo de bebidas alcoólicas, a Lei Seca.

Durante 14 anos houve uma redução drástica na produção de vinhos afetando novamente a produção e a economia, retornando somente em 1934.

No dia 24 de agosto de 2014, às 3h20, um terremoto de magnitude 6.0 atingiu toda a região, provocando destruições. Vários edifícios e tonéis de vinhos armazenados foram impactados pelo tremor. Algumas vinícolas naquele ano não tiveram vinhos para comercializar.

Mais recentemente em 2017, um enorme incêndio tomou conta da região ao norte de Sonoma/Napa destruindo florestas e casas. Muitas vinícolas foram atingidas e consumidas pelo fogo.

Em uma delas que visitei em Calistoga, a Storybook Mountain Winery, algo surpreendente aconteceu.

O edifício da vinícola ficava no meio dos vinhedos.

A mata que circundava toda a propriedade, com o vento forte, foi tomada pelas chamas.

Ao chegar à beira dos vinhedos, o fogo não teve como se propagar. Os vinhedos acabaram se tornando uma proteção natural e assim o edifício foi todo preservado.

O proprietário, que morava na cidade, que não foi atingida pelo fogo, contou-me que, durante o incêndio, em sua casa, ficou imaginando a destruição de toda sua propriedade.

E qual não foi sua surpresa, dias depois, ao descobrir que tudo havia sido preservado pela proteção natural dos vinhedos.


PROGRAMAÇÃO DA VIAGEM PARA SONOMA E NAPA

Em nossa primeira viagem alugamos um carro em Los Angeles, guiamos até San Francisco e de lá para o Vale de Napa. Nesta segunda viagem, preferimos ir até San Francisco, de avião, e alugar um carro no aeroporto.

Saindo direto, de carro, do aeroporto em direção ao Vale de Napa, a Bay Bridge é a mais próxima, para atravessar a Baia de San Francisco.

Nós preferimos andar um pouco mais, passar por dentro da cidade e atravessar a majestosa Golden Gate.

Utilizando o GPS é bem fácil, leva mais trinta minutos, mas vale a pena.

Como dica, do outro lado da Golden Gate há uma saída para um mirante simplesmente espetacular. Você pode parar na ida ou na volta.

Depois da Golden Gate são mais duas horas até Napa ou Sonoma.

 

Mapa de Napa e Sonoma

Hotéis – Pousadas – Airbnb

É uma região muito bem estruturada para o enoturismo, e há muitas opções para estadias.

Muito importante você saber as localizações de Napa, Saint Helena, Yountville e Sonoma em relação às vinícolas, para decidir onde se hospedar.

No Vale de Napa, há duas rodovias que correm paralelas entre as cidades de Napa, Yountville e Saint Helena, a Rodovia 29 e a Silverado Trail.

São cerca de dezoito milhas e a maioria das vinícolas está em ambos os lados destas duas rodovias.

Assim, você pode se hospedar tanto em Napa como em Yountville ou Saint Helena.

Há várias opções de hotéis dentro e no entorno das cidades.

Desta vez e conhecendo bem a região preferimos nos hospedar em um hotel às margens da Rodovia 29, mais próximo de Yountville.

De lá, de carro, foi muito prático sair para os passeios.

Senza HotelTaittinger Winery – Napa

O Hotel Senza é uma construção rústica, com quartos grandes e bem silenciosos. Inclui o café da manhã e no fim da tarde oferece aos hóspedes um happy hour com petiscos e degustação de vinhos. Não tem restaurante e atendimento nos quartos.

O preço é acima da média, mas está de acordo com o que oferecem, inclusive pela localização. Recomendo sempre consultar o Trip Advisor e Sites para escolher o hotel de acordo com a sua preferência e bolso.

Muito próximo do hotel Senza está o ótimo e muito movimentado Bistrô Don Giovanni, onde a comida italiana e a carta de vinhos são excelentes. Recomendo fazer reserva antecipadamente.

As cidades de Yountville e Saint Helena são pequenas e charmosas.

Ambas possuem bons hotéis e restaurantes.

Em Saint Helena eu recomendo jantar no típico Farmastead at Long Meadow Ranch, importante fazer a reserva antecipadamente.

A cidade de Napa, um pouco maior, além do vinho, possui vários produtores de cervejas artesanais.

O dono do bar e cervejaria Downtown Joe’s disse-me que “O pessoal vem para cá para beber vinhos. Depois de alguns dias, satisfeitos com os vinhos, a cerveja acaba sendo uma ótima pedida, principalmente no Verão ”.

Napa City – Rio Napa  –  Downtown Joe’s Restaurante


VISITA ÀS VINÍCOLAS

Se consultar na Internet verá que há várias opções de tours diários saindo de Napa, Sonoma, Saint Helena e San Francisco.

Como sempre faço, contratei um tour privado para fazer as reservas nas vinícolas e nos levar.

É mais caro, mas ganhamos tempo e aprendemos muito.

Contratamos a agência TERRIFIC TOURS, de Sonoma, especializada em pequenos grupos.

Como o objetivo das visitas é principalmente buscar informações para os textos do blog e livro, solicitamos um guia com conhecimentos em vinhos e história.

Quem nos atendeu e conduziu nos passeios foi Dr.Paul Young.

Paul é consultor de turismo da Terrific Tours e Professor de Wine Studies at Santa Rosa Junior College, em Sonoma.

Programamos um dia para cada região, Napa e Sonoma.

Calistoga, Saint Helena e Yountville fazem parte do Vale de Napa.

www.terrific.comteam@terrifictours.com

Napa Valley Painel  – Ruth e o guia Dr.Paul Young

Storybook Mountain Winery em Calistoga

A vinícola foi fundada pelos irmãos alemães Jacob e Adam Grimm, em 1883.

Jacob e Adam eram parentes em segunda geração de Jacob e Wilhelm Grimm (1785-1863), os famosos Irmãos Grimm das fábulas da Branca de Neve, Chapeuzinho Vermelho, Rapunzel, Pequeno Polegar e muitas outras.

A vinícola produziu vinhos regularmente até o fim do século XIX. Com a Filoxera e a Lei Seca de 1920, foi desativada e praticamente abandonada.

Em 1976, Jerry Seps e sua esposa Sigrid compraram a propriedade e replantaram os vinhedos.

Em homenagem à história dos Irmãos Grimm, deram o nome de Storybook Mountain Winery.

Fica em Calistoga, ao norte do Vale de Napa, em uma região mais alta, próxima das montanhas, onde o clima é mais úmido e frio.

Seus vinhos são produzidos principalmente com as uvas Cabernet Sauvignon, Merlot, Zinfandel, Chardonnay e Viognier.

Seu Zinfandel está classificado entre os seis melhores do mundo.

Segundo o consultor Robert Parker a Storybook Mountain é uma referência da qualidade dos vinhos do Vale de Napa.

Atualmente é conduzida por Rick Willians e sua esposa Colleen Williams (Seps).

Foi a Storybook Mountain que vivenciou a terrível experiência do incêndio em 2017.

www.storybookwines.com

Storybook Winery em Calistoga – com o proprietário Rick Williams


Chateau Montelena em Calistoga

Fundada em 1886 por Alfred Tubbs, no auge do boom do Val2 d9apa, a vinícola A.L.Tubbs teve também suas atividades prejudicadas pela Filoxera e a Lei Seca.

Em 1933, um dos netos reabriu a vinícola com o nome de Montelena Winery. Após sua morte em 1940, fechou novamente.

Em 1970, já com o vinho em alta na região, Jim e Bo Barrett compraram a propriedade e reabriram a vinícola.

As uvas mais utilizadas são a Cabernet Sauvignon, Zinfandel e Chardonnay.

Por ser uma região mais alta e mais fria, os vinhos produzidos com a uva Zinfandel em Calistoga são excelentes.

www.montelena.com

Montelena Winery em Calistoga


Beringer Brothers em Saint Helena

É a vinícola do Vale de Napa que está há mais tempo no controle da mesma família.

Fundada em 1875 pelos irmãos Jacob e Frederick Beringer, passou a Filoxera e a Lei Seca com uma certa segurança.

De 1920 a 1933, quando a regulamentação da Lei Seca proibia a produção e venda de bebidas alcoólicas, conseguiu autorização para produção do Vinho da Missa.

Isto ajudo-os a manter a vinícola funcionando pelos doze anos que vigorou a Lei.

São considerados um dos maiores produtores de vinhos da Califórnia.

Suas principais uvas são a Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, Zinfandel, Cabernet Franc e Chardonnay. Suas principais classificações são Reserve e Estate.

Como marketing, a Beringer produz um vinho com o rótulo animado por Realidade Aumentada. Através do aplicativo Living Wine Labels, o rótulo da garrafa ganha movimento e vida.

www.beringer.com

Visitando a Beringer Winery em Saint Helena

 

Quixote em Stag’s Leap

O distrito de Stag’s Leap fica na Silverado Trail, ao pé da cadeia de montanhas que circunda o Vale de Napa.

É uma região arenosa, com pedras, sedimentos vulcânicos e um clima seco e frio.

Fundada em 1893, a Stag’s Leap Winery, depois de passar por vários donos, foi comprada em 1971 por Carl Doumani, que mudou o nome para Quixote Winery.

Dentro de uma concepção orgânica, replantou vinhedos e iniciou sua produção de vinhos.

Em 1996, Doumani contratou o arquiteto, pintor, ecologista e filósofo austríaco Friedensreich Hundertwesser para construir a nova sede da vinícola.

Influenciado pelos traços do espanhol Gaudí, a construção é única e totalmente diferente de todas as outras da região.

As principais uvas são Cabernet Sauvignon, Petit Syrah, Malbec, Petit Verdot , Cabernet Franc e Chardonnay.

Produzem somente 24.000 garrafas por ano e seus vinhos, 100% orgânicos, são encontrados na própria vinícola e em algumas lojas da região. Os preços estão acima da média.

Os rótulos foram todos desenhados pelo arquiteto austríaco.

É uma vinícola muito visitada por esportistas, escritores, artistas, músicos, arquitetos e outras personalidades.
Fomos recepcionados pelo Estate Director Patrick Connelly.

Atendem na loja das 9hs às 17hs, os sete dias da semana.

Para os tours exigem reserva antecipada.

www.quixotewinery.com

Com Isadora, Ruth e Patrick Connelly na Quixote Winery


Buena Vista Winery in the Old Mission of Sonoma

Em 1850, o imigrante húngaro Agoston Haraszthy foi eleito Sheriff de San Diego. Ficou à frente da delegacia da cidade por dois anos, quando então decidiu ir para a região norte da Califórnia.

A descoberta de ouro na região, fez com que aventureiros fossem para lá, tentar a sorte.

Agoston fixou residência na histórica cidade de Sonoma e, depois de ter sucesso no garimpo do ouro, se autodenominou Conde de Buena Vista.

Em 1857, fundou a Buena Vista Winery, a primeira vinícola da Califórnia, sendo aclamado e considerado como o pioneiro na produção de vinhos.

Em 1869, morreu tragicamente, na Nicarágua, em um rio infestado de crocodilos.

A Vinícola Buena Vista, após 1863, com problemas financeiros, mudou de dono diversas vezes. Como as outras vinícolas da região, no início do século XX, sofreu com a Filoxera e a Lei Seca. Em 1941, foi adquirida em um leilão por Frank Bartholomew, executivo da UPI-United Press International.

Em 2011, foi finalmente comprada pelo francês Jean Charles Boisset, seu dono atual.

É considerada Monumento Nacional da Califórnia.

Seus vinhedos estão localizados na região nobre de Carneros, considerado um dos melhores terroirs da Califórnia.

As principais castas de seus vinhos são Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Zinfandel, Petit Syrah, Grenache, Chardonnay, Pinot Gris e Alvarinho.

A linha Founder’s Collection, com as uvas Pinot Noir, Cabernet Sauvignon e Chardonany, homenageia o fundador Gaston Haraszthy, com os vinhos Sheriff Buena Vista, The Founder e The Aristocrat.

Buena Vista é uma visita que deve fazer parte da sua programação. O tour é feito em grupo, a cada trinta minutos, e é sempre bom reservar com antecedência.

Reserve no mínimo duas horas inteiras para o tour, o museu e a degustação.

www.buenavistawinery.com

Visitando a histórica Buena Vista Winery – the First One!


Bezinger Winery in Glen Ellen – Sonoma

Em 1973, os irmãos Mike e Bruno Benziger compraram o histórico Ranch Wegener, e iniciaram uma produção de vinhos orgânicos.

Em 1986, receberam da Demeter Association o Certificado de Fazenda Biodinâmica.

Hoje, descendentes da terceira geração já participam da condução dos negócios.

Em 2006, Mike Bezinger e o consultor internacional biodinâmico Alan York foram capa da revista Wine Spectator.

Todos seus vinhos são sustentáveis, orgânicos e biodinâmicos.

As principais uvas Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah, Chadornnay e Sauvignon Blanc.

O lugar é muito bonito. O tour com um trenzinho passeia pelos vinhedos e, do alto, há uma vista linda de toda a propriedade.

A degustação dos vinhos orgânicos e biodinâmicos é também muito especial.

Recomendo fazer reserva com antecedência. Há dois tours pela manhã e dois à tarde.

Importante, o trenzinho sai no horário marcado.

www.benziger.com

Com Isadora, Ruth na Benziger Winery em Sonoma

Gloria Ferrer Sparkling Wines Cellar

Há 600 anos, a Família Ferrer produz vinhos na Espanha.

Em 1930, Pedro Ferrer e sua esposa Dolores Sala, com uma bem-sucedida vinícola na Espanha,

decidiram abrir uma vinícola nos EUA.

Durante a Guerra Espanhola (1936-1939) Pedro Ferrer retornou para a Espanha e morreu durante o conflito.

1982, José Ferrer, filho de Pedro Ferrer comprou 250 hectares em Carneros, iniciou uma produção de espumantes, e homenageou a esposa, com o nome da vinícola, Gloria Ferrer Sparkling Wines Cellar.

Ela é considerada a primeira vinícola a produzir espumantes na Califórnia.

As principais uvas são a Pinot Noir e Chardonnay, sendo que nos blends, a Pinot Noir é a uva principal.

Produzem vários espumantes, a maioria Estate, com uvas dos próprios vinhedos, e uma linha Vintage, com fiéis consumidores.

Apesar de não ser sua especialidade, inclui no catálogo alguns tintos Pinot Noir e Cabernet Sauvignon.

Arquitetura da vinícola é belíssima. O restaurante com uma enorme varanda, que proporciona uma vista incrível para os vinhedos e para todo o vale.

No tour, você passeia pelas dependências, com o copo na mão, degustando os espumantes nos diversos ambientes. Inclui um mirante ao ar livre, com uma vista também linda dos vinhedos.

Muito requisitada, é necessário fazer reserva antecipada para o tour e para o restaurante.

Para a loja de vinhos e o bar não há necessidade de reservas.

www.gloriaferrer.com

Visitando e degustando espumantes na Gloria Ferrer Winery – Sonoma

Jacuzzi Family Winery in Carneros

A saga da família Jacuzzi começa em 1907 quando os irmãos Valeriano e Francesco imigraram para os EUA e foram morar no Estado de Washington.

Após trabalharem em ferrovias, em 1921 iniciaram um negócio de construção de pequenos aviões. Neste período, quatro irmãos que haviam ficado na Itália chegaram para se incorporar à empresa.

Depois de alguns anos, testando e produzindo os aviões, ocorreram alguns acidentes que causaram mortes, incluindo de um dos irmãos. Decidiram então, mudar o ramo de negócio.

Em 1936, Valeriano se separou dos irmãos, e fixou residência na região de Sonoma.

Adquiriu 161 hectares, e iniciou uma pequena produção de vinhos para consumo próprio e uma pequena distribuição.

Em 1937, voltou a trabalhar com os irmãos na Jacuzzi Brothers em Berkeley onde haviam iniciado uma bem-sucedida produção de bombas para poços de água, e banheiras de hidromassagem.

Jacuzzi virou sinônimo para banheiras de hidromassagem, em todo o mundo.

Foi o neto de Valeriano, Fred Cline que em 2007 assumiu e expandiu a vinícola, homenageando o avô, com o nome de Jacuzzi Family Vineyards.

No projeto, Fred Cline incluiu uma loja para venda dos vinhos, e a The Olive Press, para degustação de azeites, com os mais diversos sabores e temperos.

A Jacuzzi Winery incluiu espaços específicos para eventos, festas e casamentos.

As principais uvas de seus vinhos são Pinot Noir, Cabernet Sauvignon, Nero D’Avola, Sangiovese, Montepulciano, Chardonnay e Prosecco.

A linha Flight Series Wine, com as uvas Pinot Noir e Cabernet Sauvignon, homenageia os familiares envolvidos na construção de aviões no século XIX.

Os rótulos dos vinhos são lindos e expressam a cultura da Família Jacuzzi.

Se puder coloque em sua programação uma visita à Jacuzzi Winery. Além do tour, vinhos, The Olive Press, o lugar é muito bonito.

www.jacuzzi.wines.com

 

 

Jacuzzi Winery e The Olive Press


 
Uma Lista de Vinícolas

Há uma lista de centenas de vinícolas nesta região da Califórnia. Estou indicando algumas que ficam mais próximas de Napa, Saint Helena e Sonoma, e que podem entrar na sua programação de visitas.

Rodovia 29 – Girard Winery, Plaza Del Dotto Winery, Napa Celars, Preju Provence, Beaulien Vineyards, Provence Vineyards, e a histórica Roberto Mondavi Winery.

Silverado Trail – Judy Hills, Luna Vineyards, Krupp Brothers, Black Station, Silverado Winery.

Sonomo – Robledo Family, Cornerstone Sonoma, Cline Celars, Viansa Sonoma, Larson Family, Ceja Vineyards Sonoma, Homewood Winery.

Na Rota 121, continuação da Rodovia 29, que liga as cidades de Napa e Sonoma, está a Taittinger da Califórnia, a espetacular Domaine Carneros.

Como só é permitido usar a denominação de champagne para os espumantes produzidos na própria região de Champagne na França, para que haja uma identificação utilizam no rótulo a marca DOMAINE CARNEROS – TAITTINGER.

A maioria dos espumantes é produzida com as uvas Pinot Noir e Cardonnay. A Pinot Noir encontrou em Sonoma e Napa um terroir perfeito.

Exigem reserva antecipada para visitação.

Várias vinícolas na Rodovia 21 – Napa City-Saint Helena

WINE TRAIN

O trem do vinho circula diariamente entre as cidades de Napa e Saint Helena e passa por dezenas de vinícolas.

São dois tours diários de três horas, às 11h30 com almoço e às 18h30 com jantar.

Inclui uma loja com uma grande variedade de vinhos.

Há promoções especiais para grupos e casamentos.

Os trilhos correm paralelos à Rodovia 29.

Para mais informações e reservas visite o site www.winetrain.com

NAPA VALLEY E O COMPROMETIMENTO SOCIAL

Napa Valley Vintners

Em 1944, um grupo de produtores criou a Napa Valley Vintners, uma associação que conta hoje com cerca de 550 membros, com os objetivos de promover, proteger toda a região, manter, preservar a ecologia e o meio ambiente, criar um ambiente sustentável e saudável para as próximas gerações.

Napa Valley Vintners colabora com diversas instituições efetuando contribuições financeiras para atender aos objetivos a que se propõem.

Napa Valley Wine Auction – Leilão

É considerado um dos mais importantes eventos de caridade de todo o mundo.

Uma vez por ano, normalmente no fim do mês de Maio, durante seis dias são leiloados vinhos, passagens aéreas, estadias em hotéis, jantares em restaurantes, em várias partes do mundo, recebidos de patrocinadores, empresas e doadores em geral.

O evento é todo conduzido por voluntários da comunidade.

Toda a renda é destinada a ações sociais e de proteção ao meio ambiente.

Entre as ações sociais, incluem:

– Seguro e atendimento médico para a comunidade, principalmente dos menos assistidos.

– Jardim da Infância e Pré-Escola para as crianças da comunidade.

– Clube dos Jovens para integração social.

– Implementação de tecnologia de ponta nas Escolas.

– Estímulo à saúde física e mental da comunidade.

– Criação de um Fundo de Reserva para desastres ambientais e da natureza.

Neste ano, a associação Napa Valley Vintners doou US$ 185 milhões.

BODEGA BAY

Depois de três dias inteiros em Sonoma e Napa, resolvemos conhecer Bodega Bay, na beira do Oceano Pacífico.

Foi locação do filme Os Pássaros do mestre do suspense Alfred Hitchcock.

Várias cenas do filme foram gravadas no The Tides Warf, hoje um pequeno centro comercial com lojas e um ótimo restaurante de frutos do mar.

As cenas de rua, na escola e na igreja foram gravadas na vila de Bodega, cerca de cinco milhas de Bodega Bay.

Fica relativamente próximo de Sonoma e é um passeio para quem curte o cinema.

Bodega Bay – The Tydes Warf

Roteiros Turísticos

Nesta viagem, ficamos três dias inteiros em Sonoma e Napa, demos uma esticada até Bodega Bay e seguimos para San Francisco, onde ficamos dois dias inteiros.

Em San Francisco, as atrações principais são Pier 39, com as lojas no seu entorno e a prisão na ilha de Alcatraz.

Um lugar que eu curto muito é a região histórica das ruas Haight e Ashbury, com lojas e butiques vintages super transadas.

Foi lá que na década de 1960 aconteceu todo o movimento hippie e das liberdades individuais.

Ali reinaram Janis Joplin, Jimmy Hendricks, Mama and the Pappas, Scott Mackenzie e outros. Ainda estão por lá alguns hippies nas calçadas, cantando, em um clima bem descontraído.

De San Francisco, voamos para Phoenix, no Arizona, alugamos um carro e fomos para o Grand Canyon, Antelope Canyon e o Monument Valley, que há muito queria conhecer.

Se quiser dicas de como ir para estes lugares, contate-me.

Você também pode combinar sua viagem para Sonoma e Napa com outros lugares, como San Francisco, Carmel, Los Angeles, San Diego, Las Vegas, Yosemite Park, Sequoia National Park, e Lake Tahoe.

De carro e com um certo tempo, dá para curtir bastante toda esta região.

Sonhando um pouco mais alto, de avião, também para o Havaí.

Grand CanyonMonument Valley

Grand CanyonAntelope Canyon


Considerações Finais

Esta região é muito bonita. As pequenas cidades, os vinhedos, as montanhas, o visual todo é muito lindo. De carro é muito fácil se locomover por todos os lugares.

Sonoma e Napa têm características diferentes de todas as regiões vinícolas que visitei.

E muito destas características está na própria cultura americana de fazer entretenimentos e negócios.

As arquiteturas dos edifícios, algumas realmente suntuosas, refletem bem este lado de grandiosidades dos americanos.

A organização e o profissionalismo estão em toda parte.

Os vinhos, pelas características próprias dos terroirs, solos com resíduos marinhos e sendimentos vulcânicos trazem aromas e sabores especiais.

As uvas francesas Cabernet Suvignon, Merlot e Cabernec Franc produzem vinhos excepcionais. Pinot Noir e Zinfandel atingem todas as suas exuberâncias.

Se puder, vale muito a pena visitar.

Se desejar alguma dica ou recomendação de viagem, contate-me diretamente.

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